O esfacelamento começou com a chegada de Marina, que acabou se tornando candidata a vice de Eduardo Campos a contragosto de parte do partido. Ela entrou no PSB, avisando que seria de passagem, ao ter negado pela Justiça Eleitoral o direito de registrar sua própria legenda, a Rede Sustentabilidade. Com a morte trágica de Campos em um acidente aéreo em 13 de agosto, Marina se tornou a candidata rachando mais uma vez o PSB. Divergências com a ex-senadora levaram o então secretário-geral do partido, Carlos Siqueira, a deixar o posto de coordenador da campanha, no gesto mais visível das diferenças internas geradas com a presença dos marineiros.
Fim do primeiro turno e os abismos aparecem mais uma vez.
BANCADAS Os números do partido no Legislativo também não são animadores. Na Câmara dos Deputados, onde esperava ampliar a bancada para 40 cadeiras, o PSB manteve as 34 feitas em 2010. No Senado, a legenda cresceu de quatro para sete cadeiras, mas nos estados o partido fez apenas três governadores: no Distrito Federal, Paraíba e Pernambuco. Há quatro anos, a legenda elegeu o dobro, governando seis estados até que um deles, o do Ceará, Cid Gomes, se mudasse para o recém-criado Pros.
Para o novo presidente do PSB, Carlos Siqueira, porém, o saldo da eleição é muito positivo, já que a legenda ficou entre as que alcançaram a cláusula de barreira e fez um número de governadores dentro do planejamento. “Em 2010 foi que surpreendeu, ficou bem acima do que esperávamos”, afirmou. Para Siqueira, o resultado coloca o partido em uma situação confortável pelo “protagonismo” que teve no primeiro turno do pleito. O dirigente nega que a legenda esteja rachada. Segundo ele, uma minoria foi contra a aliança com os tucanos, mas pedindo neutralidade, e só um integrante quis o apoio a Dilma.
IMPACTO Quanto à Marina, o presidente do PSB disse que a briga do passado foi superada. “Ela é de outro partido, mas está acolhida no PSB enquanto desejar”, afirmou, se referindo à possibilidade de ela fundar e migrar para sua Rede. Siqueira disse que a avaliação do impacto de Marina a favor de Aécio no segundo turno deve ser feito pelo partido dela. “O que sei é que foi como todos mundo está vendo”, disse.
O presidente do PSB de Belo Horizonte, João Marcos Lobo, contestou o fracasso do apoio de Marina a Aécio, argumentando que, com ela, o tucano ganhou no Acre, por exemplo. Ele também ressaltou a participação do prefeito de Marcio Lacerda na campanha do tucano no segundo turno como fator que ajudou no bom desempenho de Aécio em Belo Horizonte. O tucano passou de 771.692 votos para 937.428, mas, mesmo assim, o número de votos que ele e Dilma conseguiram somar na última etapa do pleito foi semelhante. Ainda que negue problemas, Lobo defende que o PSB passe por uma reavaliação e comece a se estruturar para se manter em 2016 à frente das prefeituras que conquistou em 2012 e iniciar já um planejamento para a corrida presidencial de 2018.
O futuro de Marina
Derrotada no primeiro turno das eleições presidenciais, a ex-senadora Marina Silva (PSB) pretende agora conquistar o registro da Rede Sustentabilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até março de 2015.
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