Apoiada por uma coligação de nove partidos, a presidente sabe que enfrentará resistências na base aliada, mas avalia que tudo será resolvido com negociação caso a caso. Eleita com uma margem apertada de votos na disputa contra Aécio Neves (PSDB), Dilma tem uma "fatura" política a pagar e fará de tudo para evitar rebeliões e problemas com o Congresso.
"Não é o momento nem a hora de discutir nomes do próximo governo. No tempo exato darei o nome e o perfil", afirmou a presidente nesta segunda-feira, 27, em entrevista ao Jornal da Record. "Não vou discutir um ministro, mas um ministério."
Auxiliares de Dilma, porém, dão como certo o "rodízio" dos partidos no comando de pastas, com prováveis "compensações" em diretorias de estatais. Ministérios como o dos Transportes, há anos com o PR; Cidades, nas mãos do PP, Previdência e Minas e Energia, dirigidos pelo PMDB, podem entrar nesse remanejamento.
O PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab deverá ganhar mais uma vaga na equipe, mantendo a Secretaria da Micro e Pequena Empresa com Guilherme Afif Domingos. Apesar de filiado ao PSD, Afif entrou no governo, no ano passado, na cota de Dilma.
Na bolsa de apostas, o nome de Kassab é citado para ocupar o Ministério das Cidades, mas ele desconversa.
Núcleo duro
Na tentativa de driblar revoltas de aliados, que barrem votações importantes para o governo no Congresso, Dilma também quer reabilitar o chamado "núcleo duro" do Planalto para discutir semanalmente as estratégias do governo, principalmente no campo político. O grupo foi criado no primeiro mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e Dilma chegou a participar dele como ministra da Casa Civil. Aos poucos, porém, esse núcleo foi diluído.
O desejo da presidente é resgatar o modelo de uma Casa Civil mais política, como no tempo do então ministro Antonio Palocci - que caiu em 2011, no rastro do escândalo da multiplicação do patrimônio -, acompanhado de um núcleo que a assessore no dia a dia da relação com o Congresso. O grupo, porém, seria agora composto por ministros mais próximos dela, os chamados "dilmistas".
Embora o nome do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, seja mencionado nos bastidores como forte candidato ao Ministério da Fazenda, é provável que ele permaneça no comando da Casa Civil como "capitão" do time.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, pode ser deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada por Gilberto Carvalho. Isolado no governo e homem da confiança de Lula, Carvalho assegurou que não ficará no segundo mandato de Dilma.Em conversas reservadas, ele tem dito que gostaria de ir para a Funai.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, será levado para o governo e ajudará Dilma na articulação política, mas ela ainda estuda qual a melhor pasta para acomodar o petista. "Se a presidente me chamar eu vou, mas só digo que economia não é a minha praia", disse ele, negando especulações de que possa ir para a Fazenda.
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) deve ir para o Ministério da Agricultura e Dilma pretende convidar, novamente, Josué Gomes da Silva, da Coteminas, para o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. .