O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ligou na manhã desta terça-feira, 27, à presidente Dilma Rousseff para felicitá-la pela reeleição. Segundo nota da Casa Branca, ele enfatizou o "valor estratégico" da parceria bilateral e reforçou seu compromisso de aprofundar a cooperação dos dois países em áreas como comércio e energia. A nota diz ainda que Dilma agradeceu os cumprimentos e afirmou que o fortalecimento dos laços com os EUA é uma prioridade para o Brasil.
A reconstrução dos vínculos com Washington será um dos desafios da política externa da presidente, depois dos danos provocados pelo escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). Em reação à revelação de que suas comunicações haviam sido monitoradas pelos americanos, Dilma cancelou visita de Estado que faria a Washington em outubro. Desde então, os contatos de alto nível entre os dois países estão praticamente congelados.
Fazendo as pazes
A reaproximação começou a ser ensaiada durante a Copa do Mundo, quando o vice-presidente Joe Biden esteve no Brasil e se reuniu com Dilma. Hoje, além dos presidentes, os chanceleres dos dois países também conversaram. O secretário de Estado, John Kerry, telefonou para o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, e ambos falaram da importância da relação bilateral.
Depois do escândalo de espionagem, o governo brasileiro exigiu a promessa de que fatos semelhantes não se repetirão no futuro. Obama anunciou uma revisão na atuação da NSA, mas até agora não deu garantias explícitas que excluam dirigentes brasileiros do âmbito de atuação da agência e é pouco provável que isso venha a ocorrer.
O relacionamento entre os dois países estava em um bom momento antes da explosão do escândalo. Dilma seria a única dirigente estrangeira a ser recebida na Casa Branca no ano passado em uma visita de Estado, a mais formal de todas, com um jantar de gala oferecido pelo presidente e a primeira-dama. Do lado americano, havia a expectativa de que o evento marcasse o anúncio da compra de jatos da Boeing pela Força Área brasileira, em um contrato de US$ 4 bilhões.
As aeronaves acabaram sendo adquiridas da sueca Saab, em uma decisão anunciada em dezembro. Na época, o governo brasileiro disse que a empresa havia sido escolhida por oferecer o melhor pacote de preço e transferência de tecnologia.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil e suas empresas possuem o maior volume de investimento estrangeiro no País. Também há um volume crescente de investimentos de empresas brasileiras nos Estados Unidos e o setor privado pressiona o governo para melhorar o relacionamento com o Washington em condições que facilitem o comércio bilateral.