Quatro anos depois de deixar a pasta ao fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e de ter feito lobby, malsucedido, para continuar no posto durante os primeiros quatro anos de Dilma Rousseff, Juca Ferreira está muito próximo de retornar ao Ministério da Cultura. Ele deve entrar na vaga da senadora paulista Marta Suplicy, que reassumirá o mandato desgastada, segundo interlocutores do governo, por pertencer à ala mais lulista do PT. Quem também deixará o cargo de secretário-geral da Presidência é o ministro Gilberto Carvalho. Depois de 12 anos no centro do poder, ele deve continuar no Executivo Federal, em um papel de menor destaque, mas não de menor importância.
Marta, no entanto, estimulou um “volta, Lula” nos períodos mais agudos da campanha, sobretudo quando a presidente Dilma patinava nos índices de intenção de voto. O nome de Juca começou a consolidar-se no meio artístico e chegou ao ápice na última semana do segundo turno, quando ele organizou um encontro da presidente com intelectuais e artistas no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), que gerou imagens marcantes para o horário eleitoral com Dilma saltitando ao som de “quem não pula é tucano”.
Já Gilberto Carvalho demonstrou cansaço e adiantou à presidente que pretende continuar colaborando com o governo, mas em um cargo com menos destaque. Durante a campanha presidencial, especulou-se que ele poderia assumir a pasta dos Direitos Humanos, mas auxiliares da presidente afirmaram que Dilma está satisfeita com a atuação de Ideli Salvatti.
Pessoas próximas a Gilberto afirmaram que ele poderia assumir a presidência do Incra, por ter um bom trânsito com os sem-terra e os índios, quilombolas e produtores rurais. Como Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário nos mandatos de Lula e de Dilma deve assumir a Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto teria um papel estratégico no Incra. A presidente, contudo, não sinalizou o que pretende fazer com o aliado mais fiel de Lula no atual governo.
O único convite, ainda indireto, feito por ela, ocorreu na tarde de segunda-feira, no Palácio da Alvorada, durante visita feita pelo governador da Bahia, Jaques Wagner, e do sucessor dele, Rui Costa, eleito no primeiro turno, com as respectivas esposas. “Jaques, eu quero você aqui mais pertinho de mim”, derreteu-se ele ao petista, que se elegeu governador baiano em 2006, se reelegeu em 2010 e emplacou Rui Costa. Além disso, no primeiro turno, Dilma teve 61% dos votos na Bahia e, no segundo, 70%.
Dilma não adiantou quão pertinho Wagner estará dela ao longo dos próximos quatro anos. Como está cada vez mais difícil a hipótese de Aloizio Mercadante deixar a Casa Civil, restaria a possibilidade da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Aliados de Wagner, contudo, fazem muchocho, lembrando que ele já ocupou essa pasta antes dos êxitos eleitorais baianos. Sinalizam que ele poderia ir para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), desde que esse fosse “vitaminado”, com poderes para implantar uma política industrial efetiva para o país.
O impasse para Wagner ir para o Mdic é justamente o fato de que a pasta está praticamente reservada para Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar, e que concorreu ao Senado pelo PMDB mineiro. É um dos poucos peemedebistas que têm sinalização, ainda que difusa, de que integrarão o próximo mandato de Dilma. Outro que deve continuar é o secretário de Aviação Civil, Moreira Franco.
“Fora da ribalta”
Depois de seis anos à frente do Ministério de Minas e Energia, Edison Lobão tem dito a interlocutores que pretende retornar para o Senado. Segundo integrantes do partido, seria uma forma de “deixar a ribalta” por conta das denúncias de envolvimento na Operação Lava-Jato. Por outras razões, Garibaldi Alves também deseja voltar a ser senador, abrindo mão do Ministério da Previdência.
A reeleição de Dilma deve pavimentar a ida da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, no lugar de Neri Geller. Amiga pessoal da presidente, ela é uma das principais defensoras da petista com o agronegócio.
Governo novo, ideias novas
Enquanto a presidente planeja as medidas econômicas que vai anunciar, aliados especulam as mudanças que Dilma Rousseff fará na Esplanada
Cultura
Juca Ferreira é nome quase certo para retornar à pasta. Foi titular da pasta de 2008 a 2010, quando Gilberto Gil pediu exoneração. Vai substituir Marta Suplicy (foto), que integrava a ala lulista do PT
Secretaria-Geral
Parece consenso que o titular será Miguel Rossetto. A dúvida é o destino de Gilberto Carvalho (foto). Já se especulou nos Direitos Humanos, já se falou que ele deixaria o governo e comentou-se até que ele poderia assumir o Incra
Ministérios do PMDB
Agricultura
A grande aposta para esse segundo mandato é a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Reeleita para um novo mandato de oito anos, é amiga fiel da presidente e defende as propostas de Dilma para o agronegócio. Entra no lugar de Neri Geller, do PMDB mineiro
Turismo
Indicado por Renan Calheiros, Vinicius Lage deve deixar a pasta. Mas não se sabe quem Dilma colocará no lugar. Apesar de contar com o apreço pessoal da presidente, peemedebistas acham pouco provável o retorno de Gastão Vieira, derrotado na disputa pelo Senado maranhense
Previdência
Garibaldi Alves é outro que tem sinalizado o desejo de retornar ao Senado. Mas, a exemplo das demais pastas ligadas ao partido, Dilma não avisou ao PMDB o que fará sobre o assunto
Minas e Energia
Edison Lobão deixa a pasta. Alega estar cansado, já que ocupa o cargo desde janeiro de 2008. Está desgastado com as denúncias de envolvimento na Operação Lava-Jato
Secretaria de Aviação Civil
Afilhado forte do vice-presidente Michel Temer, Moreira Franco continua na pasta