Brasília – Um novo relatório do Ministério Público Federal (MPF) aponta que eram de fachada três empresas que receberam R$ 1,17 milhão do esquema montado pelo doleiro Alberto Youssef para desviar dinheiro da Petrobras.
O caso está perto de ser julgado. O juiz Sérgio Moro pediu ontem pressa nas últimas diligências do processo para que o Ministério Público e a defesa apresentem as alegações finais antes da decisão judicial. O Relatório n° 95/14 da Secretaria de Pesquisa e Análise (SPEA), da Procuradoria-Geral da República (PGR), analisou planilha apreendida nos escritórios de Youssef que mostram pagamentos a várias empresas atribuídos ao Consórcio CNEC Camargo Corrêa por meio da fornecedora de tubos Sanko Sider. O consórcio é responsável pelas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
O foco do relatório foi analisar pagamentos de R$ 1,17 milhão para as firmas RDC Trading, Four Factoring e Techno System. Apesar da afirmação dos analistas da PGR, a Sanko e a Camargo Corrêa negaram ter feito os pagamentos.
A Four Factoring e Techno estavam inativas, segundo a SPEA.
As três empresas “apresentam indícios de que não existiam de fato”, diz o analista contábil Jônatas Sallaberry. A denúncia do Ministério Público se baseia nos repasses da Sanko para a MO Consultoria — empresa que faria um elo no esquema de Youssef com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, conforme denunciado pelo EM em abril. Com a nova informação, a expectativa é ganhar mais elementos para pedir a condenação dos réus e permitir outras denúncias que apurem esse fato específico. Da RDC Trading, R$ 2,7 milhões foram parar no Laboratório Labogen, usado por Youssef para remeter dinheiro ao exterior.
DEFESA "A assessoria da Sanko disse à reportagem que é vítima de “acusações surreais” e que não fez pagamentos ao trio de empresas, apesar de ter uma carteira de 8 mil fornecedores e clientes nos seus 18 anos de existência. Afirmou ainda que todos os pagamentos passam pelo sistema bancário, são contabilizados e têm base em serviços prestados.
A Sanko admite que, dessa forma, fez repasses sob indicação a empresas investigadas, mas já informou as autoridades disso. O advogado de Youssef não pôde atender à reportagem. A Petrobras não retornou os contatos e os responsáveis pelas três empresas de fachada não foram localizados.
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