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Estado de Minas

Relatório revela empresas de fachada do esquema de doleiro

Ministério Público Federal encontra mais três companhias fantasmas que receberam dinheiro da estatal, via empreiteiras, por meio do esquema do doleiro Alberto Youssef


postado em 30/10/2014 06:00 / atualizado em 30/10/2014 07:28

Eduardo Militão

Brasília – Um novo relatório do Ministério Público Federal (MPF) aponta que eram de fachada três empresas que receberam R$ 1,17 milhão do esquema montado pelo doleiro Alberto Youssef para desviar dinheiro da Petrobras. O laudo ficou pronto na segunda-feira e foi anexado a um dos processos da Operação Lava a Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. Para os investigadores, a informação é importante por reforçar a amplitude do esquema de corrupção montado por Youssef e pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

O caso está perto de ser julgado. O juiz Sérgio Moro pediu ontem pressa nas últimas diligências do processo para que o Ministério Público e a defesa apresentem as alegações finais antes da decisão judicial. O Relatório n° 95/14 da Secretaria de Pesquisa e Análise (SPEA), da Procuradoria-Geral da República (PGR), analisou planilha apreendida nos escritórios de Youssef que mostram pagamentos a várias empresas atribuídos ao Consórcio CNEC Camargo Corrêa por meio da fornecedora de tubos Sanko Sider. O consórcio é responsável pelas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O foco do relatório foi analisar pagamentos de R$ 1,17 milhão para as firmas RDC Trading, Four Factoring e Techno System. Apesar da afirmação dos analistas da PGR, a Sanko e a Camargo Corrêa negaram ter feito os pagamentos.

A Four Factoring e Techno estavam inativas, segundo a SPEA. Por isso não foram localizadas notas fiscais para justificar os repasses de dinheiro mencionados na planilha do doleiro. Os endereços apontados como sede das empresas são residenciais. Nos telefones indicados pelas firmas à Receita Federal, o Estado de Minas localizou uma clínica de estética em São Bernardo do Campo (SP), um escritório de engenharia em Belo Horizonte e um aviso de desligamento.

As três empresas “apresentam indícios de que não existiam de fato”, diz o analista contábil Jônatas Sallaberry. A denúncia do Ministério Público se baseia nos repasses da Sanko para a MO Consultoria — empresa que faria um elo no esquema de Youssef com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, conforme denunciado pelo EM em abril. Com a nova informação, a expectativa é ganhar mais elementos para pedir a condenação dos réus e permitir outras denúncias que apurem esse fato específico. Da RDC Trading, R$ 2,7 milhões foram parar no Laboratório Labogen, usado por Youssef para remeter dinheiro ao exterior.

DEFESA "A assessoria da Sanko disse à reportagem que é vítima de “acusações surreais” e que não fez pagamentos ao trio de empresas, apesar de ter uma carteira de 8 mil fornecedores e clientes nos seus 18 anos de existência. Afirmou ainda que todos os pagamentos passam pelo sistema bancário, são contabilizados e têm base em serviços prestados.

A Sanko admite que, dessa forma, fez repasses sob indicação a empresas investigadas, mas já informou as autoridades disso. O advogado de Youssef não pôde atender à reportagem. A Petrobras não retornou os contatos e os responsáveis pelas três empresas de fachada não foram localizados.

 


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