São Paulo – A Petrobras quer ouvir o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa nas investigações internas abertas para apurar irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
A comissão interna da estatal quer saber quais assuntos foram tratados em reuniões feitas em Brasília, no início de 2006, às vésperas da aprovação do projeto da Refinaria Abreu e Lima, da qual participaram Costa, Renato Duque e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabriellli. Outra pergunta é sobre as razões de ter sido aumentado o valor do projeto, revisado para US$ 4 bilhões em dezembro de 2006.
A Petrobras pretende saber ainda se Costa participou de reuniões prévias com o consórcio vencedor da licitação, quem mais participou, quais as bases negociadas e se ele tem provas de que o acerto foi feito antes da licitação.
Outra questão da estatal diz respeito a um conjunto de 12 licitações feitas em 2008 para unidades de processamento no projeto, que ficaram a cargo da diretoria de Serviços. À Justiça Federal de Curitiba, Costa afirmou que o PT ficava com 3% do valor das obras da Diretoria de Serviços e que não interferiu nas negociações. A comissão quer que ele diga se participou do processo e se tem provas ou documentos que comprovem as negociações.
O ex-diretor afirmou, sub judice, que recebeu dinheiro no exterior, pago por empreiteiras. A estatal pretende apurar qual foi a contrapartida oferecida às empreiteiras e se, além dele, algum subordinado da Diretoria de Abastecimento participou da negociação.
Em 2009, segundo a comissão, foi feito um estudo que demonstrou que o valor do investimento previsto resultava em retorno negativo do empreendimento, e Costa teria viajado a Brasília para tratar do avanço das obras. Em seguida, um novo estudo foi apresentado à diretoria da Petrobras e a rentabilidade mudou, apresentando retorno positivo do projeto. Nesta nova apresentação, o valor do projeto atingiu US$ 13,4 bilhões – mais de três vezes o valor de dezembro de 2006. A comissão quer saber também quais foram as comunicações feitas à venezuelana PDVSA e qual as razões que levaram a empresa a adiar a entrada no projeto.
Na última segunda-feira, a Petrobras informou ao mercado que contratou duas empresas independentes para investigar as denúncias de Costa, feitas no acordo de delação premiada assinado no âmbito da Operação Lava a Jato. A estatal informou que o objetivo é “apurar fatos e circunstâncias que tenham impacto material sobre os negócios da companhia”. A contratação de investigadores independentes atendem a regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and Exchange Commission (SEC), dos Estados Unidos.
Youssef recebe alta
O doleiro Alberto Youssef recebeu alta ontem, segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Santa Cruz, de Curitiba, onde ele estava internado desde sábado. Principal alvo da Operação Lava a Jato, preso há nove meses, ele sofreu uma queda brusca de pressão e foi hospitalizado com sinais de desidratação e emagrecimento. Youssef voltou para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Ele é acusado de liderar um esquema de lavagem de dinheiro de cerca de R$ 10 bilhões. O doleiro passou mal no sábado.
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