Para os petistas, embora o PMDB tenha dado aval para que seu líder, Eduardo Cunha (RJ), dispute a presidência da Câmara na próxima legislatura, há uma divisão interna na sigla que pode minar a iniciativa. Alguns são aliados do vice-presidente Michel Temer e pró-governo, outros são próximos de Cunha e defendem a queda de braço com o Palácio do Planalto. O comportamento da bancada peemedebista, afirmam os petistas, também se deve ao fato de parte da legenda ter apoiado a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República.
"Muitos estão chateados por não terem sido eleitos, então não baixou a poeira. Mas isso (clima de beligerância) não vai sobreviver", comentou um dos vice-líderes da bancada do PT, Carlos Zarattini (SP). Na visão do deputado, a divisão no PMDB acaba tensionando toda a Câmara por se tratar do segundo maior partido e, como Cunha tenta se viabilizar como candidato ao comando da Casa, suas ações contra o governo visam atrair os votos da oposição. "Vamos discutir nossa candidatura com os outros partidos e com parte do PMDB", avisou Zarattini.
Numa Câmara cuja correlação de forças será mais equilibrada na próxima legislatura, a palavra de ordem no PT é trabalhar para "reconquistar" a base aliada e garantir a governabilidade. Na próxima semana o partido se reunirá para discutir como atuará para desarticular a movimentação do PMDB sem ir para o embate direto.
Ex-líder da bancada do PT e vice-presidente nacional do partido, o deputado José Guimarães (CE) atribuiu a movimentação "precipitada" do PMDB ao ressentimento causado pelo resultado das urnas. Com a ajuda de Temer, Guimarães acredita que é possível "acalmar os ânimos". "Vamos reconstruir as pontes, o Congresso não pode ficar dilacerado. Ambiente conflagrado não é bom para ninguém", disse..