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Estado de Minas

Corrente do PT defende pichação em sede de editora e propõe Lei da Mídia Democrática

O texto, divulgado no blog de Valter Pomar, ex-vice presidente nacional do PT entre 1997 e 2005 e integrante da Direção Nacional do partido, ainda está "em debate, sujeito a emendas e correções", mas pode influenciar o rumo dos debates internos do partido


postado em 30/10/2014 19:25 / atualizado em 30/10/2014 20:06

Uma corrente interna do Partido dos Trabalhadores (PT), chamada Articulação de Esquerda, divulgou, no último dia 28, um documento, com 51 propostas para o próximo mandato da presidente reeleita Dilma Rousseff. Entre as medidas defendidas pelo texto está a criação do que eles chamam de Lei da Mídia Democrática, o que regularia, por exemplo, ações de jornais de oposição ao governo, vistos como inimigos pelo partido.

“Defendemos que o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores inicie a construção de um jornal diário de massas e de uma agência de notícias, articulados a mídias digitais (inclusive rádio e TV web), com ação permanente nas redes sociais, que sirvam de retaguarda e de instrumento do campo democrático-popular na batalha de ideias”, diz o item 28 do documento. A proposta seguinte vai ainda mais além e pede o relançamento da campanha pela reforma política e “pela mídia democrática, contribuindo para que o governo possa tomar medidas avançadas nestas áreas e para sustentar a batalha que travaremos a respeito no Congresso Nacional”.

O texto, divulgado no blog de Valter Pomar, ex-vice presidente nacional do PT entre 1997 e 2005 e integrante da Direção Nacional do partido, ainda está “em debate, sujeito a emendas e correções”, mas pode influenciar o rumo dos debates internos do partido. Uma reunião com o Diretório Nacional da sigla está marcada para os dias 28 e 29 de novembro e, no que depender das declarações recentes da própria Dilma Rousseff, uma regulação do setor pode estar por vir. “Sou de uma época que vivi sob a ditadura e sei o valor da liberdade, mas como setor econômico, porque a mídia não é só setor cultural, vamos discutir uma regulação, mas antes de fazer, vamos discutir muito”, afirmou a presidente, na última terça-feira em entrevista ao SBT.

Em alguns momentos, o texto entra em contradição ao alegar preconceito por parte da “extrema-direta” e em seguida, dizer que o setor está “empesteando o ambiente”. “Não apenas nas redes sociais, mas ao vivo e em cores, a extrema-direita saiu do armário, cresceu no parlamento e está empesteando o ambiente com todos os preconceitos e atitudes violentas”, diz o item 20. Já no item seguinte, o grupo reclama da oposição quando ela diz que o país está dividido, sem lembrar que, matematicamente, a diferença de votos entre os dois candidatos foi de pouco mais que 3 milhões de votos, em um quadro com 21,1% de abstenções, 1,71% de votos brancos e 4,63% de votos nulos.

Ao final do documento, o grupo chega a defender a pichação e o lixo jogado em frente a sede da Editora Abril, dias após uma das revistas do grupo publicar uma matéria onde o doleiro Youssef, réu no processo que investiga corrupção na Petrobras, afirma, em depoimento à Polícia Federal, que Dilma e Lula sabiam do esquema. “As pichações e o lixo jogado em frente a sede da Editora Abril, embora tenham sido úteis à manipulação midiática da direita, nada representam frente ao vandalismo brutal que o oligopólio comete cotidianamente contra a democracia brasileira”.

O texto finaliza pedindo que o Estado faça uso do poder para “combater o crime organizado midiático”.


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