O Itamaraty depende de um crédito orçamentário que já foi aprovado pelo Congresso em setembro, mas cuja liberação ainda não foi assinada pela presidente Dilma Rousseff. O orçamento anual do ministério terminou em setembro, o que tem dificultado a administração dos pagamentos para o pessoal lotado no exterior.
Figueiredo, no entanto, nega que embaixadas, consulados e representações brasileiras estejam com dificuldades de pagar suas contas. "Esse é o único atraso que houve. Não é esse quadro sombrio. Ao longo dos anos já teve tantos atrasos, já aconteceu antes. Não é bom acontecer, mas espero regularizar rapidamente", disse.
Figueiredo afirma que muitas situações apontadas como sinais de penúria no Itamaraty são apenas decisões para melhorar a gestão do gasto público, como a de evitar deixar luzes e ar condicionados ligados, rever pagamentos excessivos de passagens ou a decisão de cancelar uma licitação de R$ 400 mil para comprar flores a serem usadas em almoços e jantares - hoje as mesas são decoradas com frutas do próprio bufê.
Apesar das boas decisões de economia, o orçamento do Itamaraty este ano foi, inegavelmente, reduzido. Em 2014, foi de R$ 1 bilhão, a metade do valor de 2013, e ainda teve um contingenciamento de R$ 200 milhões em março.
Servidores no exterior confirmam que, além do atraso no reembolso dos alugueis, a ordem é economizar o máximo possível. Já há alguns meses o Tesouro vinha atrasando o repasse mensal chamado duodécimo, usado para pagar as despesas correntes. Todos os meses, os recursos eram repassados no último dia possível. Como o Itamaraty precisa trocar os reais por dólares antes de distribuir para os postos no exterior, o dinheiro já estava chegando com atraso. A falta de fluxo regular tem obrigado embaixadores a fazerem malabarismos para pagar as contas, usando sobras de meses anteriores..