Que rumos tomaria a eleição se esses eleitores tivessem votado é um mistério que nem mesmo cientistas políticos conseguem decifrar. “É possível que, se tivesse um comparecimento maior, o resultado fosse diferente, mas isso demandaria boa análise de quem não foi votar”, afirma o professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Manoel Leonardo Santos. “O que importa são os votos válidos. Por isso, as abstenções nem maculam nem tiram a legitimidade das eleições”, completa.
Uma das hipóteses levantadas pelo professor é de que, se os faltosos tivessem comparecido às urnas, Dilma, preferida entre a população mais pobre, teria conseguido vencer com vantagem mais confortável.
Já o cientista político Wagner Pralon Mancuso, professor da Universidade de São Paulo (USP), é da opinião de que “tudo seria possível”. “A diferença da Dilma poderia ser maior, Aécio poderia ter ganho as eleições. Pela lógica, se as abstenções se distribuíssem de forma homogênea, o resultado deveria ser mantido”, afirma. Ele reforça que há diversos perfis entre os eleitores faltosos: aqueles desinteressados no processo eleitoral, os que não se importam em não comparecer, por saber da punição pequena, eleitores fora do domicílio eleitoral, além de casos de pessoas que já morreram e o título ainda consta no TSE. “Há uma regularidade de um quinto dos eleitores não comparecer para votar”, reforça Wagner.
Memória
Pelo mundo
Na discussão sobre abstenções, o professor Wagner tem uma certeza. “Se o voto fosse optativo, esse percentual aumentaria”, reforça. Em países com o voto facultativo, como o Chile, o índice de abstenção é maior. No segundo turno das últimas eleições presidenciais, em 2013, em que Michelle Bachelet se reelegeu, menos de 40% dos chilenos foram às urnas. Em Portugal, 53,4% da população não votou no último pleito, em 2011, que consagrou a reeleição de Aníbal Cavaco Silva.
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