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A saída imediata de Sérgio Machado da presidência da Transpetro foi uma das condições impostas pela PriceWaterhouseCoopers para auditar o balanço da Petrobras. O assunto foi discutido em uma turbulenta reunião do conselho de administração da companhia, que ocorreu na última sexta-feira. Conforme apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, os dez conselheiros ficaram divididos sobre a decisão, que terá de ser costurada nesta segunda-feira, 3, para que o martelo seja batido na reunião extraordinária marcada para terça-feira, 4.
A Price é a auditora independente que avaliza os balanços operacionais e financeiros da Petrobras. O envolvimento da petroleira em denúncias de corrupção e as revelações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa no processo de delação premiada da Operação Lava Jato levaram a Price a impor algumas exigência para referendar o balanço. Entre elas, a contratação de duas empresas independentes para atuar na investigação interna das denúncias - o que já foi providenciado pela Petrobras - e o afastamento do presidente da Transpetro.
Sérgio Machado, ex-deputado e ex-senador, é aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) e desde o início do governo Lula, em 2003, preside a Transpetro, subsidiária de transporte e logística da Petrobras. Teve seu nome citado por Paulo Roberto Costa em depoimento à Polícia Federal. Costa afirmou que recebeu R$ 500 mil em dinheiro das mãos de Machado dentro do esquema de pagamento de propina que, segundo denunciou, alimentou movimentações políticas com recursos vindo de empresas contratadas pela Petrobras.
Procurada, a Price não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição. Na sexta-feira, a empresa já havia informado que não comenta situação de clientes, ao ser procurada pelo Estado para falar sobre o ultimato feito à Petrobras para apuração das denúncias de corrupção. As exigências feita pela auditora internacional estão atrasando a divulgação do balanço da Petrobras, que tem até dia 14 de novembro para formalizar suas contas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Executivos da Price teriam lembrado, além da acusação de Paulo Roberto Costa, o requerimento do Ministério Público Federal à Justiça para o imediato afastamento de Sérgio Machado e bloqueio de seus bens. Em ação de improbidade administrativa, o MPF acusa Machado de participar de um suposto esquema para fraudar o processo de licitação para compra de 80 barcaças e 20 empurradores pelo Estaleiro Rio Tietê.
O contrato, no valor de US$ 239,16 milhões, previa que as embarcações seriam entregues a partir de 2012. A frota entraria em operação em 2013, com operação plena em 2015 transportando etanol pela hidrovia Tietê/Paraná, no interior de São Paulo.
Após a reunião do conselho, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, teria chamado Sérgio Machado para tentar um acordo, mas a situação continuou indefinida. A Petrobras não comentou o assunto. Por meio de sua assessoria de imprensa, Machado disse não ter nenhuma informação sobre a reunião do conselho. "O presidente não foi informado a respeito de eventual questionamento da Price relacionado com a denúncia do ex-diretor Paulo Roberto Costa, cujo teor não foi objeto sequer de apuração pelos órgãos públicos competentes. Sergio Machado reitera o que já afirmou: nega com veemência as acusações, que são levianas e absurdas", informou a Transpetro, em nota..