Se os políticos eleitos assumirem de fato, visto que sempre há a possibilidade de serem requisitados para ministérios ou outros cargos no governo, o PT terá o maior grupo da Câmara, com 70 deputados, enquanto o PMDB ficará com 66 parlamentares. Já no Senado, o quadro se inverte. O PT ficará com 12 parlamentares e o PMDB terá 18. Diante deste cenário, petistas articulam tentar um acordo: o PMDB preside o Senado e a Presidência da Câmara fica com o PT. As discussões, porém, ainda são muito preliminares e precisam ser aprofundadas com aliados dos partidos.
Ao lançar a candidatura à Presidência da Câmara, Eduardo Cunha ignorou o rodízio entre PT e PMDB, respeitado desde 2007 para evitar brigas.
Tradicional pedra no sapato da presidente Dilma Rousseff, Cunha liderou no início deste ano o blocão da oposição, formado por deputados descontentes com o Palácio do Planalto, que ajudou a viabilizar a CPMI da Petrobras. Ele também articulou entraves para a aprovação do texto pretendido pelo governo para o Marco Civil da Internet e da MP dos Portos. Passadas as eleições, Cunha conquistou ainda mais força no Congresso. O apoio dele a financiamentos de campanha de deputados de outros partidos seria uma das razões para transformá-lo em temido, inclusive, pelos petistas.
Corrupção
Outra discussão em pauta no Congresso esta semana será a análise e votação do parecer preliminar do relator Paulo Freire (PR-SP) contra o deputado Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), acusado de operar um esquema de corrupção enquanto chefiava a Secretaria de Assistência Social do Rio desviando recursos de programas sociais. Denúncias apontam que ele recebia propina de ONGs contratadas para administrar o cadastro único das iniciativas da prefeitura.
O Conselho de Ética também se prepara para instaurar os processos de investigações em desfavor dos deputados federais baianos Afonso Florence (PT), Rui Costa (PT) e Nelson Pellegrino (PT). A abertura do processo neste momento dificulta que ele seja encerrado por causa dos prazos que devem ser respeitados. Rui, inclusive, deixa a Casa ano que vem para assumir o governo da Bahia, onde foi eleito. Já o recurso do deputado André Vargas (sem partido-PR) contra sua cassação é aguardado para ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) na terça-feira.
A Comissão Mista de Orçamento também precisa votar o relatório preliminar do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A aprovação deveria ter ocorrido antes do recesso de julho, mas acabou adiada.
Agenda da semana
Executivo
» A presidente Dilma Rousseff inicia a semana sem agenda oficial. A expectativa é de que ela retome as pautas de discussão internas, como a formação do novo governo. Nos próximos dias, ela deve se dedicar a definição da composição dos novos ministérios, traçados a partir de encontros com os aliados.
Legislativo
» Amanhã, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados discute e vota o relatório do processo contra o deputado Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ).
» Estão na pauta da Câmara a Medida Provisória 657/14, que reorganiza as carreiras de servidores efetivos da Polícia Federal (PF); e o Projeto de Lei 7.735/14, que estabelece regras de acesso ao patrimônio genético brasileiro.
» Na quarta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), promete levar ao plenário da Casa o projeto que altera o indexador da dívida dos estados de IGP-DI para taxa Selic.
Judiciário
» Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decide, amanhã, se aceita o pedido de auditoria no segundo turno, registrado pelo PSDB.
» Na terça, termina o prazo para os candidatos que não disputaram o segundo turno prestarem conta à Justiça Eleitoral. .