Jornal Estado de Minas

PT cobra de Dilma diálogo e participação ativa no governo

Dirigentes do partido ainda convidaram Dilma para participar da reunião do diretório nacional que acontece no fim de novembro,

André Shalders Étore Medeiros Grasielle Castro
Em Brasília, comando petista decide preparar um grande ato para a posse de Dilma em 1º de janeiro - Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
A presidente Dilma Rousseff terá de enfrentar um PT menos conformado e mais exigente no segundo mandato. Em sua primeira reunião após a reeleição, a Executiva Nacional do partido aprovou, ontem, em Brasília, uma resolução na qual defende mais diálogo com a presidente e maior influência da legenda no Planalto, inclusive na definição dos rumos da política econômica. Os petistas avaliaram que o PT precisa ter voz mais atuante na administração federal. “O PT deve participar ativamente das decisões acerca das primeiras medidas do segundo mandato, particularmente no debate sobre a política econômica, a reforma política e a defesa da regulamentação dos meios de comunicação”, diz um trecho de uma minuta da resolução.

Nos primeiros quatro anos, o estilo centralizador de Dilma e o fato de ela não ser umA militante histórica da legenda foram criticados por integrantes do partido. Com a recondução da presidente ao Palácio do Planalto, a direção do PT quer que ela esteja mais próxima da sigla. “Quando a gente fala em ampliar o diálogo, é também reforçar o papel do PT no governo. A presidente já deu ao nosso presidente – Rui Falcão – status maior para participar do governo.
É só aprimorar e lubrificar um pouco mais os esforços”, afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Não por acaso, os dirigentes convidaram Dilma para participar da reunião do diretório nacional que acontece no fim de novembro, em Fortaleza. “Se ela tiver possibilidade, seria importante para esta primeira reunião ela ter uma participação”, afirmou Rui Falcão, que comandou o encontro de ontem. Em meio à onda de protestos questionando o resultado das urnas, a Executiva decidiu também preparar um grande ato para a posse, em 1º de janeiro, para reforçar a ideia de que o partido, prestes a completar um ciclo de 16 anos no governo, conquistou uma vitória legítima.

Serão mobilizados especialmente os movimentos sociais, numa tentativa de reeditar a posse do ex-presidente Lula em 2002. “Queremos fazer da posse uma grande festa popular, semelhante à de Lula em 2002. Tivemos uma vitória significativa, que teve a participação do PT, da juventude, das mulheres e dos que, embora não apoiando todas as nossas medidas, entenderam o que estava em jogo: avançar ou retroceder na linha do neoliberalismo que representava o candidato oponente”, disse o presidente da sigla.

Outro tema abordado na resolução é o “enfrentamento das acusações de corrupção”. Durante a campanha, o partido sofreu um desgaste com as denúncias de pagamento de propina na Petrobras. “O PT tem que retomar sua capacidade de fazer política cotidiana e sua independência frente ao Estado, e ser muito mais pró-ativo no enfrentamento das acusações de corrupção, em especial no ambiente dos próximos meses, em que setores da direita vão continuar premiando delatores”, acrescenta a minuta.

Câmara

Ainda ontem, a Executiva Nacional do PT analisou a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados e decidiu bater o pé e lutar para manter o rodízio na presidência da Casa. Com o fim do mandato do peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN), pelo combinado, o próximo presidente deveria ser petista. Mas o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) já avisou que a alternância não é “estatutária” e se antecipou ao lançar o próprio nome.

“Nós sabemos das movimentações do PMDB. Não vou nem dar palpite. Nós respeitamos a pretensão de qualquer pessoa.
Qualquer deputado tem direito a ser candidato a presidente”, desconversou o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP). Ele defendeu o rodízio, no entanto, e anunciou que o tema será debatido novamente em uma reunião na tarde de hoje. “O que nós queremos é que se mantenha a tradição de um acordo que ocorre entre os maiores partidos. A penúltima foi do PT, a última, do PMDB. Então, se mantiver o acordo, a próxima será do PT”, explicou o deputado federal. No encontro, o ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, lembrou as dificuldades na relação com o novo Congresso, que se tornou mais pulverizado, com 28 partidos na Câmara. (Com agências).