"O Brasil é a espinha dorsal desta região e tem que se dar conta da responsabilidade que tem. Há outros grandões que se juntam nesse mundo e para poder negociar com esses grandões temos que somar os pequeninos, todos juntos, porque senão não temos forças", comentou Mujica, ao lado de Dilma. Questionado se não estava preocupado com a situação da economia brasileira, que deve crescer 0,24%, conforme projeção do último relatório de mercado Focus, Mujica afirmou que está acostumado a ler nos jornais da América Latina o "prognóstico de que tudo está afundando". "Mas os jornais dizem isso e ganhamos as eleições. Dessa forma, não devemos andar tão mal assim porque, caso contrário, não nos acompanhariam", avaliou Mujica.
De acordo com o presidente uruguaio, a construção de um porto regional no rio da Prata não simbolizaria um porto uruguaio, mas sim um porto regional. "Não falamos de financiamento, mas sim de como esse porto pode favorecer a economia dos nossos companheiros", observou. Na avaliação da presidente Dilma Rousseff, o Brasil conseguiu construir uma relação muito forte dentro do Mercosul, especificamente com o Uruguai.
Para a presidente, o processo de integração regional implica em ser capaz de olhar os diversos interesses da região. "Essa região do mundo, onde nós nos localizamos, tem um mercado que eu considero muito significativo", comentou a presidente. "Todas essas economias dessa região e principalmente as sociedades dessa região procuraram formas de equacionar o problema secular da desigualdade." A visita de Mujica à presidente Dilma ocorre no momento em que os uruguaios se preparam para o segundo turno das eleições, marcado para o próximo dia 30. Sobre a proposta de vender seu Fusca para um xeque árabe, que teria oferecido US$ 1 milhão pelo veículo, Mujica afirmou que as máquinas "têm preço, mas o que não tem preço é a vida"..