Jornal Estado de Minas

Governo de Dilma será ancorado em três eixos de sustentação

Presidente Dilma Rousseff voltará da reunião do G20, na Austrália, dando prioridade para a montagem da equipe econômica. Mercadante e Jaques Wagner estão garantidos na Esplanada

Paulo de Tarso Lyra
Aloizio Mercadante deve permanecerna Casa Civil - Foto: Marcello Casal Jr/ABr Brasilia
Brasília – O segundo mandato da presidente Dilma Rousseff só começará para valer a partir de 1º de janeiro de 2015, mas ela já definiu que o próximo período será ancorado em três eixos de sustentação: a equipe econômica que tentará colocar uma ordem nas contas públicas; o atual chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante; e o governador da Bahia, Jaques Wagner.

São eles que darão o norte da administração pública federal para os próximos quatro anos. Dilma viajará para a reunião do G-20 na Austrália, na próxima semana, com a missão de definir quem será o condutor da economia. Durante conversas com jornalistas, admitiu ter recebido um telefonema de felicitações do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Mas disse que isso não significa que ele será o próximo ministro da Fazenda.

A ideia da presidente é voltar da Oceania com a equipe econômica – o que inclui, provavelmente, os novos presidentes dos bancos públicos, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES – definidos. Interlocutores palacianos descartam as informações de que a presidente estaria também estudando medidas para conter a inflação e diminuir os juros neste momento. “O anúncio da nova equipe já vai sinalizar nossa proposta ao mercado. Serão eles que vão definir e implantar os rumos futuros”, disse um ministro com bom trânsito no Palácio do Planalto.

Jaques Wagner também deve ter uma função importante no Planalto - Foto: Breno Fortes/CB/D.A PressDentro dessa ordem natural das coisas, está praticamente descartado o deslocamento de Aloizio Mercadante para outro posto sem ser a Casa Civil. “Foi ele quem sustentou este governo nos últimos meses.
Mercadante foi fundamental durante a campanha presidencial. Agora que vencemos, por que tirar o nosso centroavante da cara do gol e colocá-lo para correr ao lado da linha lateral?”, questiona um aliado de Dilma.

Com Mercadante garantido na Casa Civil, onde colocar Jaques Wagner? Como adiantou o Estado de Minas há duas semanas, são grandes as chances de ele ocupar um cargo que a presidente considera estratégico para o segundo mandato, mas que esteve relegado ao quase abandono nos primeiros quatro anos de governo: ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio (MDIC).

Aliados de Wagner lembram que, durante os oito anos em que o petista comandou o governo da Bahia, ele trouxe quase R$ 20 bilhões de investimentos empresariais para o estado. Conseguiu atrair quase 600 novas indústrias e negociar a ampliação de outras 150, fomentando a economia baiana. E, ao que parece, tomou gosto pela coisa. Não se incomodaria se Dilma desse a ele essa missão. Mas com algumas ponderações.

A primeira delas é a autonomia para se implementar uma política industrial de fato. Ao longo dos últimos anos e, principalmente, durante a corrida eleitoral, a tese da desindustrialização ganhou força. O setor se sente sucateado e desamparado. A presidente reconhece isso e pretende dar uma guinada no segundo mandato. Wagner teria, segundo interlocutores palacianos, um perfil talhado para isso e para viajar “vendendo o país” no exterior, algo que poderia reequilibrar a balança comercial brasileira. Quanto à enigmática frase dita por Dilma ao governador baiano, de que ela “gostaria de tê-lo mais perto dela nos próximos anos”, assessores dilmistas garantem que a proximidade significa Brasília, não necessariamente no Palácio do Planalto..