O clima no Congresso ainda reflete as rusgas da eleição. Na semana passada, por exemplo, os peemedebistas da Câmara lideraram votação que derrubou o decreto de Dilma para a regulamentação de conselhos populares. "O presidente da Câmara (Henrique Eduardo Alves, do PMDB), que foi candidato a governador no Rio Grande do Norte, estava com a eleição ganha, tinha garantido o apoio do PT, e na última hora o PT apoiou o candidato adversário e ele perdeu. Ele está numa revolta enorme", afirmou Pedro Simon.
Diante desse cenário, ele acredita que o futuro do PMDB e da aliança com o PT ainda é "imprevisível". Por isso, evita fazer projeções sobre uma eventual candidatura própria do seu partido para presidente em 2018. "Eu diria que esta é uma exigência unânime, mas vai depender de cada Estado, da composição que vai haver", afirmou.
Reforma política
O diálogo, segundo Simon, também será fundamental para fazer uma reforma política, uma das promessas de Dilma na campanha.
"O que a gente tem que fazer, e Dilma pode conduzir isso, é sentar e discutir um conjunto de ideias e uma forma de levar isso adiante", explicou Simon, defendendo que a presidente convide até mesmo a oposição para participar do debate e chegar a um entendimento. "Ela não tem que ser a heroína. O papel dela será chamar todos, proporcionar esse diálogo, dar um impulso para que a reforma possa sair do papel."
Na opinião de Simon - que deixará o Senado no final de janeiro e, portanto, não vai participar diretamente da discussão sobre o tema no Congresso -, o projeto de reforma política deve incluir uma cláusula de barreira para criação de partidos, o fim da reeleição e a mudança no formato atual das Medidas Provisórias. Ele também espera uma análise mais aprofundada das propostas de proibição do financiamento privado de campanha e de adoção do voto distrital.
Futuro
No dia 31 de janeiro, quando se despedir da cadeira que ocupou por 32 anos, Simon pretende de fato se afastar da vida pública. Ele descarta a possibilidade de integrar o governo de Sartori, para quem fez campanha na eleição para o governo gaúcho. "Vou estar à disposição do Sartori para quando ele precisar de mim, para ajudar. Mas nem passa pela minha cabeça um convite formal, nem passa pela cabeça dele fazê-lo. Estou me aposentando", ressaltou. "Pretendo andar pelo Brasil debatendo, fazendo palestras."
Simon aproveitou para minimizar a sua própria derrota nesta eleição. "Uma coisa que tem que ficar clara é que não fui candidato ao Senado. Como diz o Sartori, fui constrangido a aceitar quando o Beto Albuquerque deixou a chapa. Não fiz campanha, não rodei o Estado, já estava envolvido na candidatura do meu filho Tiago (Simon, eleito deputado estadual) e foi o que continuei fazendo", justificou.