A entrega do cargo na próxima terça-feira pelo ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, foi decisão alinhada com a Executiva nacional do PDT. O presidente da legenda, Carlos Lupi, que perdeu a disputa por uma vaga no Senado pelo Rio de Janeiro, afirmou após reunião da Executiva da legenda que o ato é para "dar total liberdade" para a presidente Dilma Rousseff conduzir a reforma ministerial.
A reestruturação do Trabalho já foi apresentada à presidente Dilma. "Eu pessoalmente já falei para ela que o ministério precisa ser fortalecido", disse.
Ao ser questionado se Dias pode voltar ao comando da pasta no segundo mandato da presidente Dilma, Lupi disse que, "se ele quiser", não haverá objeção do partido. "Do jeito que está (o ministério), nem ele vai querer ficar", considerou.
O presidente do PDT afirmou que não pretende voltar para o Trabalho em 2015, caso o ministério fique sob comando da legenda. Lupi foi afastado do cargo em 2011, depois que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendou sua exoneração por envolvimento em um esquema de propina para a liberação de recursos do ministério para ONGs. "Sou carta fora do baralho", avaliou. "Já fui lírio do campo e hoje sou tiririca do brejo", comentou.
Bloquinho
A Executiva nacional do PDT, deputados, senadores e governadores eleitos pela legenda aprovaram nesta tarde a formação de um bloco parlamentar ao lado do PROS e do PCdoB na Câmara. "Colocamos a possibilidade de bloco e ela foi unânime", afirmou.
Segundo Lupi, o bloco será de centro-esquerda e de apoio à Dilma "sem exigência" de cargos no governo federal. Ele não descartou a possibilidade de o bloco gerar uma fusão entre os partidos no futuro. "Ainda estamos na fase de namoro, mas inicialmente é um bloco", indicou.
O deputado Paulo Rubens (PE) calcula que o bloco pode ter de 40 a 50 deputados a partir de 2015. Os três partidos terão, somados, 40 deputados na próxima legislatura. Mas Rubens afirma que há conversa com setores do PTB interessados em integrar o grupo. "A gente quer reforçar essa perspectiva de unificação da bancada do PDT e formar um bloco de partidos que queiram apoiar o governo", disse.
O bloco deve ser usado para ganhar força na disputa por cargos em comissões na Câmara. O governador eleito pelo PDT no Amapá, Waldez Góis, defendeu a formação do bloco de apoio à Dilma mesmo se os partidos que o compuserem não ocuparem cargos na administração federal.
Eleito pela terceira vez governador, Waldez, que chegou a ser preso pela Polícia Federal na operação Mãos Limpas, em 2010, defendeu o grupo como forma de se contrapor à polarização ente PT e PSDB, e ao "blocão" independente que o PMDB pretende criar para influenciar nas decisões do governo. "Quando se reúne um bloco que não seja com esses três partidos, ganha-se mais representatividade", observou.