O presidente do PT, Rui Falcão, disse nesta quinta-feira, 13 não acreditar que a ex-ministra da Cultura, Marta Suplicy, saia do partido para disputar a Prefeitura de São Paulo contra Fernando Haddad, em 2016, pelo PMDB ou por outra legenda.
Na terça-feira, dia 11, quando a presidente Dilma Rousseff já estava no exterior, Marta entregou sua carta demissão do Ministério da Cultura com duras críticas ao governo e à condução da política econômica. O tom da carta provocou mal-estar no Palácio do Planalto e expôs a divisão no PT.
Senadora, Marta foi preterida pelo partido nas últimas disputas e, em 2016, fará de tudo para concorrer novamente à Prefeitura de São Paulo. Apesar do discurso conciliador, porém, a cúpula do PT não quer saber de prévia entre ela e Haddad - candidato ao segundo mandato -, sob o argumento de que esse processo desgasta o partido.
Erundina
Ao ser questionado sobre a eventual saída de Marta do PT, Falcão fez questão de lembrar da derrota da ex-prefeita e hoje deputada Luiza Erundina, anos após deixar as fileiras petistas. "Lembram o que aconteceu com a Erundina? Ela foi para o PSB, concorreu à eleição com o apoio do PMDB, tinha Michel Temer de vice, um bom tempo de TV e quanto ela fez?", perguntou aos repórteres. Ele mesmo respondeu: "3% dos votos."
A referência de Falcão era à disputa de 2004, quando Erundina e também Marta perderam a eleição para a Prefeitura de São Paulo. À época, Erundina conquistou apenas 3,9% dos votos. "Na campanha, ela falava: 'Mudei de casa, mas não mudei de rua'. As pessoas respondiam: 'É, mas mudou de família'. Não acredito que a Marta siga esse caminho", insistiu o presidente do PT.
Falcão foi secretário de Governo na gestão de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo (2001 a 2004). Nos últimos tempos, porém, os dois se distanciaram. Em setembro, durante ato de campanha de Dilma, no Largo 13 de Maio, em São Paulo, Falcão chegou a expulsar a então ministra do caminhão de som onde estava a presidente. Queria que ela se acomodasse em outro carro, com parlamentares. "Quem tem voto aqui sou eu", reagiu Marta, que não arredou pé de onde estava, ao lado de Dilma.
Alvo de críticas no PT, mas com base social e apoio de militantes, Marta foi porta-voz do movimento "Volta, Lula" e organizou três jantares de apoio ao ex-presidente no início deste ano. A partir daí, caiu em desgraça com Dilma, até que, logo após a eleição, pediu para deixar a equipe.
A presidente solicitou a ela que esperasse mais um pouco, para não precipitar a mudança ministerial do segundo mandato. Marta, no entanto, não conseguiu ficar nem mais uma semana após esse apelo. "Não me apequenei", escreveu ela na carta de demissão.