O primeiro ato político dos tucanos em São Paulo depois das eleições foi marcado por críticas às denúncias de corrupção na Petrobras e ataques ao governo Dilma Rousseff. O evento coincidiu com mais uma etapa da Operação Lava a Jato – que investiga um esquema de desvio de recursos e lavagem de dinheiro na estatal petrolífera –, que prendeu um ex-dirigente da empresa e executivos de empreiteiras. Os desdobramentos da operação foram um dos principais assuntos do evento, organizado para comemorar a votação do partido no estado no segundo turno das eleições presidenciais. O senador Aécio Neves (PSDB) disse que o governo federal “está denegrindo a imagem e a história da nossa maior empresa”.
Presente no evento, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse “sentir vergonha”. “Não vou falar deles. Como brasileiro, eu tenho vergonha. Tenho vergonha de falar sobre o que está acontecendo no Brasil”, afirmou. Aécio acrescentou que a estatal traz “uma marca perversa da corrupção”. “O que percebo é que as coisas estão chegando muito próximo dos mais altos dirigentes desse governo e é preciso que essas investigações ocorram. O que posso assegurar é que tem muita gente em Brasília sem dormir nesses últimos dias, e continuarão sem dormir”, disse. O senador também repetiu uma expressão usada pouco antes pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que foi o candidato a vice-presidente na chapa tucana: “A casa caiu”.
Para Aécio Neves, as irregularidades não eram atos isolados “de um ou outro servidor, de um ou outro diretor, mas uma organização estruturada, quase que institucionalizada dentro da Petrobras, causando prejuízos enormes ao Brasil”. Ele também condenou a decisão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de abrir inquérito para investigar a posição de delegados da Polícia Federal envolvidos na Operação Lava a Jato que criticaram a presidente Dilma e elogiaram o tucano. “Deveria o ministro da Justiça se preocupar com servidores da Petrobras ou dirigentes da empresa envolvidos no maior escândalo de corrupção da nossa história.”
O senador disse ainda que a oposição no Congresso foi orientada a coletar assinaturas para abertura de uma nova CPI da Petrobras, pois a que está em vigor termina no fim desta legislatura. “Vamos impedir qualquer manobra no Congresso Nacional no sentido de impedir que as investigações, também no Congresso, avancem.” Segundo ele, não há uma vontade clara, “ao contrário do que diz a presidente da República, da sua base em avançar nessas investigações ainda este ano”.
FHC afirmou ainda que os vencedores da disputa estão atormentados. “Vejam as fotografias dos que venceram: caras atormentadas. Não sabem o que fazer”, afirmou o ex-presidente, durante o ato que reuniu mais de 700 pessoas, em São Paulo, entre elas o governador reeleito do estado, Geraldo Alckmin (PSDB).