São Paulo – Parentes, amigos, colegas, políticos e autoridades se despediram ontem do ex-ministro da Saúde e diretor-geral do Hospital do Coração (HCor), Adib Jatene, de 85 anos, ex-secretário estadual de Saúde no governo Paulo Maluf e duas vezes ministro da Saúde, durante o governo Collor e, a última delas, no governo de Fernando Henrique Cardoso. No velório, lembraram do “trabalhador incansável”, “do pesquisador, do médico” e do “homem público exemplar”. O superintendente do Hospital do Coração (HCor), Carlos Alberto Buchpiguel, afirmou que o médico deixou um legado que não será apagado. “Perdemos um grande líder, um professor, um pesquisador e um médico exemplar, que trouxe para todo o mundo inovações na área médica, em especial uma nova forma de tratar cardiopatias congênitas”, disse Buchpiguel.
PRECURSOR Nascido em Xapuri, no Acre, Jatene se formou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1953. Mais tarde, tornou-se professor emérito da mesma faculdade, além de pesquisador de bioengenharia. Por suas contribuições no desenvolvimento de técnicas e instrumentos para procedimentos médicos, tornou-se um dos mais respeitados cirurgiões cardíacos do mundo. Ele foi um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no país. Fez a primeira cirurgia de ponte de safena, em 1968, além de ter criado o primeiro coração-pulmão artificial do Hospital das Clínicas, na década de 1950. Um dos procedimentos que desenvolveu, para corrigir artérias transpostas em recém-nascidos, ficou conhecido mundialmente como Cirurgia de Jatene.
O cardiologista tornou-se ministro da Saúde pela primeira vez durante o governo do ex-presidente Fernando Collor, entre fevereiro e outubro de 1992. Três anos depois, em janeiro de 1995, Jatene foi convidado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para comandar a pasta da Saúde novamente. Ao assumir o cargo, ele estabeleceu como compromisso combater a corrupção na saúde pública. Também defendia que o governo aumentasse o investimento para o setor. O cardiologista foi um dos principais articuladores da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) durante o governo FHC, tributo criado para ser destinado ao custeio da saúde pública a princípio e, depois, também da previdência social e da erradicação da pobreza.