Jornal Estado de Minas

PF abre interrogatório de executivos presos

Sobe para 23 o total de detidos na sétima fase da Operação Lava a Jato. Concentrados em Curitiba, eles começam a depor, enquanto defensores tentam obter habeas corpus

Amanda Almeida
  - Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo/Estadão Conteúdo
 

Brasília – Cinco pessoas com mandado de prisão expedido na Operação Lava a Jato, entre elas, a cúpula da construtora Camargo e Corrêa, se entregaram à Polícia Federal entre o fim da noite de sexta-feira e ontem. Agora, são 23 os presos na sétima fase das investigações, chamada pela corporação de “Juízo Final”. Concentrados na Superintendência da PF no Paraná, eles começaram ontem a prestar depoimento sobre a suposta participação em esquema de corrupção na Petrobras.

Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da construtora Mendes Júnior, chegou a Curitiba em seu jatinho particular por volta das 23h45. Ele foi procurado em sua casa no Lago Sul, em Brasília, durante o dia. De acordo com a defesa, o empresário estava, no entanto, com a família em Belo Horizonte, de onde negociou a apresentação à polícia para evitar constrangimento.

Advogados dos empresários relataram que eles dormem nos corredores da superintendência, já que o espaço da carceragem não comporta 23 presos. A superlotação fez, inclusive, com que quatro pessoas presas por tráfico de drogas tivessem que ser transferidas para uma cadeia da Polícia Civil. Ontem, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, negou três pedidos de habeas corpus.

Outros executivos aguardam que a Justiça decida sobre requisições do mesmo tipo. Dezenove dos 25 mandados expedidos são de prisão temporária, cujo prazo de carceragem é de cinco dias, prorrogáveis por igual período.

A Polícia Federal cumpriu ainda 49 mandados de busca e apreensão. Nesta fase, a PF e o Ministério Público Federal no Paraná recolhem provas do braço do esquema de corrupção na Petrobras, detalhado nas delações premiadas de nove investigados, como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da petrolífera Paulo Roberto Costa.
As outras seis prisões são preventivas – quando não há prazo de duração determinado em lei, mas deve atender aos princípios da proporcionalidade e necessidade. Em entrevista coletiva no Paraná, que comanda a força-tarefa de apurações da Lava a Jato, o delegado da PF Igor Romário de Paula disse que “as pessoas investigadas tinham o hábito de dormir em hotéis, em outros apartamentos”. “Eles tinham a intenção de ficar fora de casa, temendo que essa operação fosse realizada”, relatou.

A maioria dos presos foi levada a Curitiba em avião da PF, que saiu do Rio de Janeiro – onde se concentraram presos do estado, de São Paulo, de Minas Gerais e de Pernambuco –, e chegou à capital paranaense às 4h30 de ontem. Advogados dos presos reclamaram por não ter tido acesso aos clientes. Juliano Breda, que representa presos ligados à OAS, disse ter pedido à Justiça do Paraná acesso a seus clientes. “Requeremos judicialmente no plantão que todos os advogados possam ter acesso aos seus clientes. É um direito fundamental tanto de cidadãos como do próprio advogado ter acesso pessoal e reservado com cada cliente”, afirmou Breda.

Continuam foragidos Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e Adarico Negromonte Filho. O primeiro é apontado como operador do PMDB no suposto esquema de corrupção na Petrobras. De acordo com as investigações, ele era o interlocutor entre o partido e as empreiteiras. Já Negromonte era, segundo as apurações, um “mula” de Youssef, sendo responsável pela retirada de dinheiro em espécie e distribuição.

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