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Estado de Minas

Herdeiros seguem na vida pública e perpetuam clãs políticos em Minas

Levantamento mostra que representantes de tradicionais famílias da política mineira ocuparão 31% das vagas na Assembleia. Percentual é quase igual ao de renovação na Casa


postado em 16/11/2014 06:00 / atualizado em 16/11/2014 07:45

Alessandra Mello

 

O poder em Minas Gerais, assim como no Brasil, passa de uma geração para a outra, sempre dentro das mesma família. É o que revela um levantamento feito pela reportagem sobre as oligarquias presentes na futura Assembleia Legislativa. Ele foi inspirado em um estudo da organização não governamental Transparência Brasil sobre os clãs de políticos que dominam o Congresso Nacional. No parlamento mineiro, dos 77 eleitos na disputa deste ano, 31% pertencem a famílias da política mineira. No Congresso, 49% dos futuros parlamentares são de clãs tradicionais na vida pública.

Na próxima legislatura, serão 24 deputados estaduais netos, filhos, irmãos ou com algum outro grau de parentesco com políticos que já exerceram cargos eletivos ou que ainda estão na ativa. O percentual é quase o mesmo do índice de renovação da Assembleia, que foi de 33,77%.

Algumas dessas oligarquias estão no parlamento há muitos anos, ou melhor, séculos. Caso da família Andrada, no poder desde o Império, com José Bonifácio de Andrada e Silva, patriarca da Independência. O atual representante da família no legislativo mineiro é o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB), que exercerá seu terceiro mandato. Ele sucedeu o irmão, Antonio Andrada (PSDB), que foi deputado estadual entre 1999 e 2005, quando virou conselheiro do Tribunal de Contas, até renunciar em 2011 para ocupar, de novo, a Prefeitura de Barbacena. O pai dos dois, Bonifácio Anadrada (PSDB), foi reeleito para o décimo mandato consecutivo na Câmara dos Deputados.

Outra família tradicional da cena política mineira e que garantiu novamente espaço no Legislativo é a Pinheiro. O deputado estadual Dinis Pinheiro (PP), que foi candidato a vice-governador na chapa tucana para o governo de Minas, não se elegeu, mas garantiu a vaga da irmã, Ione Pinheiro (DEM), na Assembleia, e a do irmão, Toninho Pinheiro (PP), na Câmara dos Deputados.

TRIÂNGULO Os Prado também são um clã forte no estado, com cinco irmãos no legislativo estadual, federal e municipal. Elismar Prado (PT), que já foi deputado federal, garantiu seu segundo mandato na Assembleia. Quem abriu o caminho para a família na política foi seu irmão, Weliton Prado, reeleito federal. Ele começou como vereador em Uberlândia em 2000. Dois anos depois, se elegeu deputado estadual. A família ainda tem outro representante na Assembleia, que não conseguiu se reeleger, Liza Prado (PSB), e mais dois vereadores em Uberlândia, Gilmar e Ismar Prado, ambos filiados ao PT. Todos são irmãos. Outra família tradicional na política da cidade do Triângulo garantiu uma cadeira de deputado. Felipe Attiê, eleito deputado estadual, é genro de Homero dos Santos, ex-deputado federal e ex-ministro do Tribunal de Contas da União.

Glaycon Franco (PTN), que assume ano que vem, é neto Antônio Franco Ribeiro e sobrinho de Ely Franco Ribeiro e Maurício Moreira, todos ex-deputados estaduais. Já o novato Leandro Genaro (PSC) é filho do ex-deputado estadual e também pastor evangélico Antônio Genaro, sobrinho do ex-deputado federal Mário de Oliveira (PSC) e primo do deputado federal reeleito Sthefano Aguiar (PSB).

Para a pesquisadora da Transparência Brasil Lauren Schoenster, responsável pelo estudo sobre os clãs no Congresso, a transferência de poder de uma geração para a outra dentro de uma mesma família é uma forma de garantir espaço no cenário político de figuras tradicionais já desgastadas pela urna ou impedidas de concorrer pela legislação e também uma maneira de garantir a defesa dos interesses de determinados grupos locais.


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