Jornal Estado de Minas

Protestos de volta às ruas no dia da Proclamação da República

Quinze dias depois do primeiro protesto pós-eleições, manifestantes se mobilizam em várias capitais brasileiras para mostrar insatisfação com o governo Dilma e a corrupção

Maria Clara Prates
Grupo contrário ao governo federal se reuniu em Belo Horizonte - Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press

Manifestantes insatisfeitos com o governo da presidente reeleita, Dilma Rousseff (PT), voltaram às ruas ontem – Dia da Proclamação da República –para protestar contra a corrupção e defender a liberdade de imprensa e direitos individuais. A maior concentração de manifestantes – que anunciaram mobilizações em pelo menos 20 cidades do país – foi em São Paulo, onde o candidato derrotado Aécio Neves teve 64% dos votos dos eleitores. De acordo com a PM, cerca de 10 mil pessoas participaram do ato, e parte delas pediu o impeachment da petista.

Em Belo Horizonte, o Movimento dos Indignados se reuniu na Praça Sete, Centro da capital, e seguiu em passeata pela Praça da Liberdade até a Praça da Savassi, onde encerrou o ato com o hino nacional, com apoio de um carro de som. Segundo a Polícia Militar, ao longo de todo o percurso, cerca de 600 pessoas teriam se revezado no protesto. As mobilizações ocorreram apenas 15 dias depois do primeiro ato público do tipo, realizado logo após as eleições.

cartazes De acordo com um dos coordenadores do Movimento dos Indignados, Duílio Campos, o grupo se reuniu a partir de mobilização pelas redes sociais em razão da insatisfação com o resultado das eleições. A partir disso, foram marcadas reuniões e construída a pauta dos protestos. Um grupo se encarrega de produzir cartazes, alguns com menções contra o PT em inglês. “Nosso movimento defende a democracia e repudia a intervenção militar”, garante Campos, para afastar qualquer dúvida sobre a defesa da volta da ditadura.

Se a maioria dos manifestantes defendia um processo de impeachment contra a presidente reeleita e anulação do resultado das eleições de outubro, havia também aqueles favoráveis à volta do regime militar no país.

Em São Paulo, o racha entre os manifestantes ficou claro quando os protestos se dividiram em três grupos. Um grupo permaneceu na Avenida Paulista, enquanto outro, maior, caminhou em direção à Praça da Sé. Um número menor de pessoas, defensoras da intervenção militar e ligadas ao Movimento Brasileiro de Resistência, seguiu até o Segundo Comando Militar do Sudeste.

Em Brasília, os manifestantes se reuniram em frente ao Congresso Nacional e, de lá, saíram em passeata até a rodoviária da cidade, também pedindo o impeachment da presidente. Segundo um dos organizadores da manifestação convocada pelas redes sociais, Matheus Sathler, de 31 anos, o objetivo do ato foi também pedir a recontagem dos votos das eleições. Muitos manifestantes estavam vestidos com a camisa do Brasil e portavam cartazes com os dizeres “Fora PT” e “Dilma e Lula sabiam do Petrolão”. Alguns chegaram a pedir a volta dos militares ao governo, mas, segundo o organizador, o movimento é democrático. “Não defendemos a intervenção militar. Queremos a manutenção da ordem democrática”, disse.

Em Porto Alegre (RS), a insatisfação com a presidente Dilma Rousseff levou às ruas centenas de pessoas. A manifestação, que começou nas proximidades do Parcão, seguiu pela Avenida Independência e foi encerrada no Monumento ao Expedicionário, em Redenção. Com bandeiras do Brasil, cartazes e faixas, os manifestantes criticaram a presidente e os recentes escândalos de corrupção do país, como o caso da Petrobras. (Com agências)

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