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Estado de Minas

Oposição e aliados dizem que permanência de Foster na Petrobras é insustentável

Apesar de as denúncias da Polícia Federal citarem somente ex-diretores da estatal, posição de Graça Foster no alto comando da empresa é colocada em dúvida


postado em 17/11/2014 06:00 / atualizado em 17/11/2014 07:42


Brasília – A sucessão de denúncias de corrupção e notícias desastrosas mostrando queda das ações nas bolsas de valores e investigações abertas contra a estatal nos Estados Unidos e na Holanda aumentam as pressões sobre a atual diretoria da Petrobras, comandada por Graça Foster. Mesmo que as prisões e as acusações de superfaturamento e pagamento de propina estejam envolvendo, pelo menos até o momento, apenas integrantes da diretoria anterior à atual, analistas e aliados do Planalto defendem a troca da equipe que comanda a estatal, como uma “maneira de limpar a área”.


Aliados da presidente Dilma admitem a fragilidade de Graça Foster neste momento. Apesar de um aumento na produção mensal de barris em outubro – foram 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), informado pela própria empresa na terça-feira, 11 de novembro –, a Petrobras patina por causa da crise que se instalou a partir da deflagração da Operação Lava a Jato. “As pessoas estão com medo de assinar papéis, está complicado abrir novas licitações. A empresa está na maior crise dos últimos 50 anos”, confirmou um parlamentar com experiência no setor.


Isso acaba por refletir economicamente na estatal e, segundo analistas políticos e econômicos, Graça Foster tem encontrado dificuldades para se livrar da “nuvem negra” que paira sobre a Petrobras. As ações caíram 2,94% na sexta-feira, dia em que a Polícia Federal deflagrou a sétima etapa da Operação Lava a Jato, levando à prisão 21 executivos das principais empreiteiras do país que tinham contratos com a estatal.


Quando o pregão abriu, a queda era de 5% após os dois fatos relevantes divulgados pela estatal para explicar o adiamento, por um mês, da publicação do balanço do terceiro trimestre. As notícias econômicas ruins não param de se acumular. “Se o preço do petróleo não se recuperar no cenário internacional, a exploração do pré-sal poderá tornar-se inviável”, disse um parlamentar com bom trânsito na área. O mesmo parlamentar lembrou as investigações contra a Petrobras pelos órgãos reguladores americanos. “Se não tomarmos cuidado, eles (os americanos) podem suspender a negociações das ações da estatal na Bolsa de Valores de lá”, preocupa-se o aliado do governo.

CLIMA

Até o momento, a presidente Dilma Rousseff não fez qualquer menção a possíveis trocas no atual comando da Petrobras. Graça Foster e os demais diretores foram nomeados no início de 2012, substituindo justamente a gestão que trazia Renato Duque e Paulo Roberto Costa no corpo diretor – o primeiro foi preso na sexta-feira e o segundo está em prisão domiciliar após um acordo de delação premiada com o Ministério Público. “Mas não há como Foster permanecer, o clima tornou-se insustentável”, defendeu um analista com bom trânsito entre os órgãos federais.


Há duas semanas circulou uma informação de que o ex-governador da Bahia Jaques Wagner seria um dos cotados. Rapidamente, no entanto, ele negou a possibilidade. Pessoas próximas ao petista confirmam que os boatos não fariam sentido. Até porque o ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli assumiu a Secretaria de Planejamento da Bahia. “Dilma não vai colocar outro baiano no cargo tão cedo”, brincou um interlocutor de Wagner.


Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy – coincidentemente, baiano como Wagner e Gabrielli – Graça Foster perdeu toda a autoridade para comandar a estatal. “Ela já está há alguns anos na presidência e não identificou nada disso. Pelo contrário, ela compareceu ao Congresso só para dizer que estava tudo bem. Há duas auditorias internas para examinar o caso, instaladas há seis meses, até agora sem qualquer resultado”, acusou o tucano.


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