Diante da nova etapa da Operação Lava Jato, que levou à prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque e de dirigentes das maiores empreiteiras do País, a oposição quer promover um mutirão na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as denúncias de corrupção na estatal para convocar todos os nomes detidos pela Polícia Federal. "Todos aqueles com ordem de prisão farão parte de um requerimento em bloco para convocá-los e virem à CPMI", declarou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), após uma reunião com as lideranças do PSDB e do DEM na Câmara.
Além dos executivos, a oposição vai insistir na convocação de Duque, indicação do PT na petroleira; do presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado; e do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Também vão apoiar a convocação de Leonardo Meirelles, apontado como laranja do doleiro Alberto Youssef e que disse à Justiça que o ex-presidente do PSDB Sergio Guerra, morto no início deste ano, recebeu recursos do esquema.
Os oposicionistas querem aprovar os requerimentos mesmo faltando menos de uma semana para o encerramento da CPMI. Eles trabalham para prorrogar os trabalhos do colegiado em mais um mês e já articulam a instalação de uma nova comissão na próxima legislatura. "Propusemos um mutirão para todos os dias da semana estarmos aqui interrogando de manhã, tarde e noite se preciso for", disse Bueno. "É um escândalo que envergonha o País perante o mundo".
Em reação aos desdobramentos da Lava Jato, PSDB, DEM e PPS também acertaram outras medidas: vão propor hoje na CPMI a criação de uma comissão para viajar à Holanda e requisitar documentos às autoridades locais sobre o pagamento de propina pela SBM Offshore para funcionários da estatal brasileira. Na semana passada, a empresa holandesa firmou acordo com o Ministério Público daquele país e informou que pagou "comissões" a "agentes públicos" para garantir contratos e informações privilegiadas sobre a Petrobras.
Além disso, a oposição anunciou que não mais promoverá reuniões fechadas com o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), com o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), ou com os demais parlamentares da base. Com isso, eles querem evitar acusações de estarem participando de acordos com os aliados do Palácio do Planalto para "barrar" oitivas de pessoas que tenham envolvido membros da oposição nas denúncias de corrupção, como é o caso Leonardo Meirelles, suposto laranja de Youssef.