O empreiteiro falou ainda sobre as doações legais da UTC para campanhas eleitorais. Sobre "contatos com tesoureiros ou arrecadadores de partidos", ele declarou ter tido contato "próximo" com João Vaccari, que lhe pedia dinheiro para o PT, e com uma pessoa identificada no relato policial apenas como "Dr. Freitas", que seria o arrecadador do PSDB. Procurada, a assessoria do PSDB sugeriu procurar o tesoureiro da legenda José Gregori, que não respondeu aos contatos da reportagem.
O empreiteiro disse aos policiais que foi apresentado a Youssef pelo falecido deputado federal José Janene (PP). Ele e o doleiro tinham interesses comuns em negócios na capital baiana. O depoimento não detalha a evolução da relação pessoal entre a dupla.
O presidente da UTC disse que "eventualmente" Youssef "solicitava dinheiro emprestado e, posteriormente, devolvia". Ele não soube dizer quanto tempo levava para reaver as quantias, mas que nunca cobrou juros do doleiro. "A UTC possuía em caixa na época em que isso ocorreu, por volta do ano de 2008, cerca de R$ 900 mil a R$ 1 milhão, sendo esses recursos eventualmente emprestados ao mesmo", declarou. No depoimento não há referência ao uso que Youssef fazia do dinheiro.
Parte do que a UTC repassou em dinheiro vivo a Youssef, no entanto, serviu para "pagar uma chantagem por parte de uma mulher, de nome Monica Santos, com quem teve um breve relacionamento há cerca de 22 anos". Pessoa disse que perdeu o contato com Monica até 2012, quando ela começou "a lhe importunar". O presidente da empreiteira disse acreditar "ter dado cerca de R$ 800 mil a Monica Santos", mesmo sendo aconselhado por advogado a registrar um boletim de ocorrência contra ela.
O responsável na UTC pelo controle das operações financeiras em espécie com Youssef, segundo Ricardo Pessoa, era o diretor empresa Walmir Pinheiro, que também foi preso na última sexta-feira, mas teve seu alvará de soltura expedito nessa terça-feira. Os policiais questionaram Ricardo Pessoa sobre os pagamentos feitos pela UTC às empresas Piemonte e Auguri, que, de acordo com as autoridades, eram usadas pela empresa Toyo para pagar propinas e obter contratos com a Petrobrás. Pessoa afirmou no depoimento que acredita ter pago R$ 40 milhões em dez prestações. Ele afirmou que precisou fazer os pagamentos após a Mitsui deixar uma parceria com a UTC. "A mesma recusou-se a pagar Julio Camargo pelo serviço, assumindo a UTC esse ônus"..