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Estado de Minas

PT, PMDB e MST resistem a indicações de presidentes para ministérios

Vazamento pelo Planalto dos nomes de novos ministros leva a presidente Dilma a agradar aos mercados, no caso de Joaquim Levy, e a ser criticada por causa de Kátia Abreu na Agricultura


postado em 24/11/2014 06:00

Dilma e Kátia: alas do PT, Movimento dos Sem Terra e até o PMDB, partido da senadora, insatisfeito(foto: Ueslei Marcelino/Reuters )
Dilma e Kátia: alas do PT, Movimento dos Sem Terra e até o PMDB, partido da senadora, insatisfeito (foto: Ueslei Marcelino/Reuters )

Brasília – Apresentados em conversas reservadas como os escolhidos para compor o governo no segundo mandato, os futuros ministros da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), e da Fazenda, Joaquim Levy, aproximam uns e afastam outros. Desde sexta-feira, quando o Planalto decidiu vazar os nomes como fechados pela presidente Dilma Rousseff, os mercados se acalmaram, o agronegócio idem. Mas, se o nome de Levy foi visto com uma certa dose de decepção pelos economistas do PT, o de Kátia Abreu fez estrilar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Para completar, na seara política, o nome de Kátia desagradou em especial à bancada do PMDB.

O MST foi mais além das simples reclamações. No último sábado, o movimento ocupou uma fazenda de milho no Rio Grande do Sul como forma de protesto contra a senadora, e ainda divulgou um texto “Bem-vinda Kátia Abreu”, anunciando novas invasões.

Essas reações terminaram ampliadas porque Dilma adiou o anúncio oficial, passando a muitos a ideia de que só aumentou, ao longo dos últimos anos, aquilo que os aliados esperam ser uma página virada: a dificuldade de a presidente tomar decisões sem infinitas idas e vindas nas negociações.

Kátia Abreu é citada pelo PMDB como cota pessoal de Dilma, pelo que fez na campanha defendendo a presidente dos ataques dos ruralistas. A senadora entrou no PMDB pelas mãos de Michel Temer com as bênçãos de Dilma e sem aval, seja da bancada peemedebista na Câmara ou no próprio Senado. Entre os senadores, incomodou o fato de Kátia, recém-chegada ao partido, ser escolhida para ministra, enquanto há uma fila de senadores peemedebistas esperando.

A última vez que a presidente chamou um senador peemedebista para compor seu governo foi quando sondou Eunício Oliveira (PMDB-CE) para o Ministério da Integração no sentido de tirá-lo da disputa pelo governo do Ceará. Vital do Rêgo Filho, da Paraíba, já chegou a ponto de ter sido indicado e nunca chamado. Agora, está cotado para ocupar vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). O PMDB tem ainda dois senadores ministros que devem deixar o governo – Edison Lobão, de Minas e Energia; e Garibaldi Alves, da Previdência. Até agora, não há o menor sinal de que outros serão chamados a compor a equipe de Dilma.

Militância


Se os problemas fossem apenas dentro do PMDB, Dilma estaria bem. Mas Kátia também não agradou aos militantes petistas que defenderam a presidente com toda a garra no período mais crítico da campanha. As alas mais à esquerda do PT ficaram em polvorosa com a notícia de que Kátia foi escolhida para compor o governo. Tampouco comemoraram a chegada de Joaquim Levy à equipe econômica, tido como alguém da ortodoxia em seu estado puro (ou seja, dos cortes e ajuste fiscal rigoroso).

Dilma planeja concluir a reforma até 19 de dezembro, a sexta-feira antes do Natal. Até aqui, não anunciou oficialmente nenhum nome e politicamente só colecionou problemas. A demora, observam seus aliados, pode passar mais um sentimento de fraqueza do que de cautela, algo que não soaria bem neste momento.


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