Os dois textos, referentes às Operações Gringo e Caco, foram escritos pelo Centro de Informações do Exército (CIE).
"Nossa Operação de Infiltração Alfa-1 havia nos ensinado qual o caminho a seguir, obrigando-nos a abonar (sic) o 'ciclo dos refugiados' e a nos dedicar ao caminho que parecia mais correto", afirma o CIE no Relatório 8/78. "No entanto, nosso infiltrado não conseguiu penetrar no âmago da questão, e embora possamos considerar os dados obtidos como importantes, eles são periféricos e não chegaram a possibilitar uma conclusão."
Um dos delatores era um argentino do Exército Revolucionário do Povo (ERP) do país vizinho. Deixou um relatório em espanhol, reproduzido no material encontrado na casa de Malhães. Nele, narra delações que cometeu na Argentina.
"Sem dúvida, foi com a associação da 'Operação Gringo' com a 'Operação Caco' que obtivemos a visão de como pesquisar e solucionar o problema", afirma o texto. "Os dados fornecidos pelos infiltrados e a necessidade de estudar os dossiês dos envolvidos tornaram possível o caminho a seguir."
Em tom paranoico, os autores apontam a ação no Brasil de um suposto Movimento Comunista Internacional - que contaria tanto com o pacifista Partido Comunista Brasileiro quanto com terroristas europeus e palestinos e grupos trotsquistas. O patrocínio seria da então União Soviética e da Albânia. Já no fim da década de 70, cita organizações dadas como extintas. É o caso da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (Molipo).
A papelada é apontada por procuradores como prova da existência, no Brasil , da Operação Condor, uma rede de colaboração entre as ditaduras militares do Cone Sul que resultou em prisões, torturas, desaparecimentos e assassinatos de opositores.
As Forças Armadas brasileiras nunca admitiram sua participação na Condor. Há anos, porém, investigações independentes já comprovaram a colaboração entre militares do País e seus colegas de países vizinhos..