"A presidenta deve tomar as decisões que ela acha as mais adequadas, especialmente considerando certas conjunturas e também a pressão violenta que os mercados sofrem, prejudicando a política, prejudicando o curso das coisas. Ela deve fazer um jogo equilibrista e é isso que a política na sua essência é", disse Boff a jornalistas, após o encontro no Planalto. "(A política) É fazer o possível dentro de uma certa correlação de forças, então, eu respeito as decisões dela, as apoio, mas como intelectual e como cidadão, me reservo a distância de poder fazer críticas. E ela diz 'eu quero as críticas'."
Boff foi um dos intelectuais de esquerda e representantes de movimentos sociais que, após apoiarem a reeleição de Dilma, assinaram um abaixo assinado online no qual cobram da presidente "coerência entre discurso de campanha e práticas de governo". O ex-secretário do Tesouro e executivo do banco Bradesco Joaquim Levy, indicado para o Ministério da Fazenda, e a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), escolhida para a Agricultura, são os principais alvos do texto.
"Há reticência sobre certos nomes, que nos preocupam. Mas, por outro lado, sabemos que ela (Dilma) tem uma mão firme, não se deixa conduzir.
"Eu não quero julgar porque, primeiro, nem é certo que sejam nomeados. Tudo está em discussão ainda. E nós não discutimos isso, não quero falar sobre coisas que não discutimos", disse. Durante a audiência, Boff entregou à presidente uma carta na qual pede que seja reforçado "um modelo econômico mais social e popular". O grupo também pede uma auditoria da dívida pública, a realização da reforma agrária e a imposição de restrição a transgênicos e agrotóxicos..