No entendimento de Rodrigo Janot, as informações repassadas por Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa já são suficientes para assegurar o pedido de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Além das reclamações dos réus questionando os atos judiciais da Lava a Jato no Paraná, ainda tramitam no STF algumas petições sigilosas relacionadas diretamente à investigação. A dúvida é se esses procedimentos, a cargo de Janot, podem ser convertidos em denúncias imediatamente após uma avaliação.
O procurador-geral da República entende que não é necessário aguardar a conclusão de outras delações premiadas. Para ele, com os depoimentos sigilosos de Youssef e Paulo Roberto Costa, já é possível compreender como funcionava a engrenagem de corrupção na petrolífera. Devem ser abertos vários inquéritos. Em razão de as delações premiadas estarem protegidas por sigilo, não se sabe quantos e quais políticos serão investigados.
A expectativa é de que grande parte dos presos na Operação Lava a Jato também abra o jogo em troca de redução de pena. O juiz federal Sérgio Moro rebateu declarações dos advogados dos empreiteiros de que o magistrado, com a manutenção das prisões, estaria forçando os suspeitos a fecharem acordo de delação premiada.
Ontem, o procurador-geral da República deu pareceres contrários a pedidos de advogados questionando a atuação do juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, por não mencionar nomes de políticos no processo. Os questionamentos eram de um sócio da empresa Sanko Sider, Murilo Tena Barrios, e outro da MO Consultoria, Waldomiro de Oliveira. Segundo o procurador-geral, as menções aos políticos não foram feitas porque a apuração na primeira instância é sobre lavagem de dinheiro, e não corrupção.
Recorde Ainda não foi definido se a repatriação do dinheiro de Paulo Roberto Costa ocorrerá até amanhã, quando os procuradores da República Deltan Dallagnol, Orlando Martello e Eduardo Pelella retornam ao Brasil. A autorização foi possível após reunião entre os responsáveis pelas investigações da Lava a Jato, integrantes da Polícia Federal brasileira e representantes do Ministério Público suíço. O dinheiro será depositado numa conta judicial da Caixa Econômica Federal. O acordo é confidencial.
É a maior repatriação de dinheiro da história do Brasil desde que o país criou um departamento para recuperação de ativos lavados no exterior, em 2003. De lá até 2014, o Brasil conseguiu bloquear quase R$ 1 bilhão no exterior, segundo dados do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça. No entanto, apenas R$ 45 milhões foram efetivamente trazidos de volta para o país e colocados à disposição das autoridades brasileiras. Agora, essa cifra será acrescida em R$ 65 milhões, aproximadamente, ultrapassando a marca dos R$ 100 milhões repatriados desde 2003.
Enquanto isso...
…Foster é alvo de queixa-crime
Deputados de oposição apresentaram ontem uma notícia-crime contra a presidente da Petrobras, Graça Foster. A representação, entregue ao Ministério Público Federal (MPF) pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), acusa Foster de ter mentido à CPI Mista da Petrobras durante depoimento em junho. Na ocasião, Foster disse desconhecer que funcionários da estatal receberam propina da empresa holandesa SBM Offshore, fabricante de navios-plataforma. Na segunda-feira, porém, uma nota publicada no site da estatal informou que a empresa havia recebido, em 23 de maio, um telefonema do presidente da SBM relatando que o Ministério Público da Holanda havia confirmado o pagamento de suborno..