A poucas horas do anúncio da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse na manhã desta quinta-feira que a oficialização dos nomes serve para assegurar a "credibilidade" e evitar uma "solução de continuidade" no ajuste fiscal. Carvalho destacou ainda que "um ministro não é um presidente" e quem dá a cor do projeto de governo é a própria presidente Dilma Rousseff.
Formado por Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central), o triunvirato que vai comandar a economia no segundo mandato de Dilma deve ser anunciado às 15h. A equipe vai conviver em regime de transição com o ministro demissionário da Fazenda, Guido Mantega.
Para Carvalho, os ministros da área de economia possuem uma natureza diferente, já que lidam com uma "área absolutamente sensível". "Ela (Dilma) achou que era adequado fazer esse anúncio, ela sentiu que, para o bem do andamento da economia, valia a pena os ministros já começarem a fazer a transição", comentou.
Defesa
Ao comentar a indicação de Joaquim Levy para a Fazenda, Carvalho destacou que o atual executivo do Bradesco "foi um excelente secretário de Tesouro" no governo do presidente Lula e "fez parte de um processo vitorioso da economia".
"Eu, sinceramente, só vejo com bons olhos a nomeação do Joaquim Levy. O que é importa é a prática dele, é a adesão dele ao projeto. E é evidente que, ao aceitar ser ministro desse projeto, está aderindo a esse projeto, à filosofia econômica desse projeto. O nome dele é importante, evidentemente, porque pela trajetória dele traz uma credibilidade, contribui com o nosso projeto", avaliou Carvalho.
Questionado se não há contradição na indicação de Joaquim Levy - após a campanha de Dilma acusar a rival Marina Silva (PSB) de ser subserviente aos bancos, por conta do seu programa de governo ser coordenado pela educadora Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú -, Carvalho disse que as duas situações são muito diferentes.
"É muito diferente a posição da presidenta Dilma Rousseff em relação aos seus auxiliares do que aquilo que se afigurava na campanha eleitoral. Vamos lembrar que a crítica à campanha da Marina era que era um programa inconsistente e que nitidamente tinha sido escrito pelo setor financeiro. É outra coisa, completamente diferente. Quando Levy aceita vir para esse governo, ele conhece esse governo, conhece a presidenta, é ele que está fazendo uma adesão ao nosso programa histórico", afirmou.
"O Joaquim não tem uma programa pessoal, tem uma trajetória de competência, de trabalho, insisto, ele trabalhou já no nascedouro do nosso programa econômico em 2003. Portanto, não cabe essa comparação. Não há nenhuma submissão da presidenta Dilma a nenhum ministro, nunca houve nem haverá."
Segundo Carvalho, "um ministro não é um presidente, não toma decisões autônomas". "Quem dá a cor do projeto é a presidenta, e ela deixou claro na campanha eleitoral qual é o nosso projeto, deixou claro nos últimos quatro anos que é a continuidade desse projeto, que é o crescimento com inclusão social, que é a distribuição de renda", disse.
"Falar em submissão da presidenta Dilma ao setor financeiro não cabe. Agora, somos realistas, sabemos que temos de ter credibilidade, temos de despertar interesses nos credores internacionais. Então, tem um equilíbrio que você faz, tem de governar um país em cima da realidade do mercado", observou.