Ao escolher sua nova equipe econômica, a presidente Dilma Rousseff decidiu fortalecer o Ministério do Planejamento, dando mais poder à pasta que será comandada por Nelson Barbosa. A partir de janeiro, o economista assumirá a coordenação de todos os programas de investimento e também de concessões em infraestrutura e logística do governo. Muitas dessas iniciativas estão hoje sob o guarda-chuva de monitoramento da Casa Civil.
“Assumirei a coordenação dos programas de investimento do governo federal”, afirmou o novo ministro, um economista com perfil desenvolvimentista. Além do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida, estarão no radar do ministério turbinado o Programa de Infraestrutura e Logística (PIL). E as parcerias público-privadas (PPPs), que já estão lá, deverão ganhar força.
Caberá a Barbosa, portanto, acionar o principal motor com que Dilma conta para turbinar o crescimento a partir de 2015. Ele terá à frente o desafio de destravar os programas de concessão de ferrovias e portos, que ainda não saíram do papel, e de dar vida às PPPs - um instrumento criado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que ainda não foi utilizado em nenhum grande empreendimento federal.
Não é uma tarefa trivial, num momento em que as grandes construtoras, principais “clientes” das concessões até agora, estão na berlinda por causa da Operação Lava Jato. As denúncias poderão atrasar a liberação de financiamento pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal agente financeiro do programa.
Em seu primeiro pronunciamento, o ministro indicado para dirigir o Planejamento falou em “novo ciclo” e prometeu trabalhar duro para o crescimento da economia, com controle rigoroso da inflação, estabilidade fiscal e geração de emprego.
“Gostaria de destacar que trabalharei especialmente em iniciativas para aumentar a taxa de investimento e a produtividade de nossa economia, de modo a possibilitar o crescimento mais rápido da renda per capita com estabilidade monetária”, afirmou Barbosa.
Ao lado de Joaquim Levy, ministro escolhido para dirigir a Fazenda, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini - que permanecerá no cargo -, Barbosa disse estar certo de que contará com a colaboração do setor privado, dos parlamentares, dos governadores e dos prefeitos. A ideia do governo é repaginar o PAC, que enfrenta muitas dificuldades de execução, e dar impulso às concessões de serviços públicos.
Trânsito
Ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Barbosa é um nome que agrada à cúpula do PT e ao mercado, além de ter bom trânsito no Congresso Nacional. Depois que deixou o governo, no ano passado, por divergências com o secretário do Tesouro, Arno Augustin, Barbosa passou a ser chamado com frequência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O novo ministro chegou a apresentar a Lula vários estudos para o enfrentamento dos principais desafios macroeconômicos do Brasil para os próximos quatro anos. Trata-se de uma lista com 12 medidas fiscais, numa alusão aos trabalhos de Hércules, da mitologia grega.