Jornal Estado de Minas

Norte de Minas vê representação reduzir na Assembleia e na Câmara

Luiz Ribeiro
O Norte de Minas teve o deputado estadual mais votado no pleito deste ano no estado: Paulo Guedes (PT), com 164.835 votos.
No entanto, a representação política da região foi reduzida, tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara dos Deputados. Na Assembleia, o número de representantes foi reduzido de sete para cinco, pois Luiz Henrique Santiago (PSDB) e Ana Maria Resende (PSDB) não conseguiram novos mandatos. Para a Câmara, a região elegeu apenas dois deputados federais: Raquel Muniz (PSC) e José Saraiva Felipe, do PMDB. Este último nasceu na Grande BH, mas tem a base política no Norte de Minas, onde iniciou carreira pública como secretário de Saúde de Montes Claros. Em 2010, Saraiva Felipe foi reeleito e os outros dois candidatos a deputado federal pela região, Jairo Ataíde (DEM) e Humberto Souto (PPS), ficaram nas primeiras suplências, mas acabaram assumindo o cargo em Brasília. Este ano, eles se candidataram novamente. Ataíde perdeu.
Souto ficou na primeira suplência, mas o seu partido é oposição ao PT nos níveis federal e estadual, o que dificulta entendimento para assumir a vaga.

O professor e cientista político Antonio Gonçalves Maciel, do Departamento de Política e Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma que regiões como o Norte e Noroeste de Minas e o Vale do Jequitinhonha têm dificuldades para eleger candidatos nascidos nessas áreas por causa da chamada “fragmentação partidária” e devido à força política dos candidatos da Região Metropolitana de Belo Horizonte e das partes mais ricas do estado. “Existe uma concentração da representação política da metrópole e das regiões mais ricas em detrimento das regiões mais pobres do interior”, avalia Maciel. “A eleição de deputado é muito cara. Isso favorece os candidatos dos grandes centros, que têm mais recursos”, afirma o cientista político. Segundo ele, essa situação só seria resolvida com a instituição do voto distrital. Antonio Maciel afirma que a queda da representação política é prejudicial ao Norte de Minas. “Perdemos a capacidade de captação de recursos para obras de infraestrutura e de investimentos no saneamento básico, por exemplo”, afirma.

O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI), Edilson Torquato, disse que, diante da diminuição da representação, as entidades de classe do Norte de Minas vão realizar um “esforço concentrado” em cima dos deputados votados na região para que eles se esforcem mais no atendimento das demandas da comunidade regional. “Até o final do ano, vamos fazer uma reunião com os deputados estaduais e federais eleitos pelo Norte de Minas para apresentar os pleitos da região”, anuncia ele.

Demandas

Entre as principais reivindicações do Norte Minas, ele cita a duplicação da BR-251, a construção do Anel Rodoviário Montes Claros (ligando a BR-251 à BR-135/saída para Januária) e a construção da barragem de Congonhas (para o abastecimento de Montes Claros), com a conclusão da barragem de Berizal (Taiobeiras/Berizal), obras cobradas perante ao governo federal há anos. Outra reivindicação é a implementação de uma política de ações permanentes para a convivência com a seca (governos federal e estadual).

Com o mesmo pensamento, o presidente da Regional Norte da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Adauto Marques Batista, afirma que a entidade já preparou um documento a ser entregue aos deputados eleitos da região e ao governador do estado e o presidente da República com as principais reivindicações na região. “O documento, chamado de 10 mandamentos, tem as 10 principais demandas do Norte de Minas. A região precisa de obras de infraestrutura, de barragens e de investimentos em ciência e tecnologia para vencer a seca e desenvolver”, afirma Marques Batista, que cita entre as obras pedidas a construção do centro de convenções e a implantação de um porto seco em Montes Claros..