Brasília - Com a aprovação, na madrugada desta quinta-feira do texto base do projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias e flexibiliza a meta do superávit primário - ainda é preciso votar um dos destaques da medida provisória -, a expectativa de parte do integrantes da base aliada é que a presidente Dilma Rousseff dê continuidade às mudanças da equipe para o novo governo. A petista, no entanto, não deve avançar nas conversas nesta semana. Ao principal aliado, o PMDB, ela teria informado que só serão acertados os espaços no final da outra semana.
"A conversa entre a Dilma e o Michel Temer ficou marcada para quando eles voltarem de viagem, o que deve acontecer no dia 12. Até lá, zero de reforma. O assunto está morto", afirmou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Às 18h desta quinta-feira a presidente Dilma Rousseff viaja para Quito, onde participa da inauguração da sede da Unasul. Temer também teria na agenda uma viagem internacional no início da próxima semana.
Segundo Henrique Alves, o partido será o primeiro a ser convocado para definir a composição da nova equipe. Representante da bancada do PMDB na Câmara, ele é um dos cotados para assumir uma pasta no próximo governo após ser derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte.
Entre as possibilidades levantadas por integrantes do partido está a de Henrique Alves comandar os Ministérios da Integração ou do Turismo. De parte do PMDB do Senado, a expectativa é que o atual líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), seja chamado para ocupar o ministério de Minas e Energia ou a Secretaria de Portos. Caso se confirme a ida de Braga para a equipe de Dilma, os peemedebistas do Senado passarão a defender o nome de Romero Jucá (PMDB-RR) para assumir o posto de líder do governo da Casa, cargo que ele ocupou no governo do ex-presidente Lula e no início do governo Dilma. Nesta última eleição presidencial, Jucá, no entanto, declarou voto ao senador Aécio Neves (PSDB).
Operação tartaruga
Segundo integrantes da base aliada ouvidos pela reportagem, a falta de uma sinalização por parte de Dilma de quando irá definir a dança das cadeiras na Esplanada vem causando descontentamentos entre os aliados. "Ela poderia acalmar a tropa dizendo para ficarmos tranquilos porque a decisão está a caminho. Mas não há sinal de nada. O pessoal está chateado com esse tipo de tratamento", afirmou um ex-ministro do governo Dilma.
Tal sentimento foi demonstrado com a falta de empenho em aprovar com celeridade o projeto de interesse do Palácio do Planto, que flexibilizou a meta do superávit primário. Apesar de a base aliada ter ampla maioria no Congresso, a votação se arrastou por mais de 18h e só deve ser concluída na próxima terça-feira, 09. O recado, segundo alguns líderes aliados, é de que, na nova gestão, Dilma precisará ainda mais da base, ansiosa por gestos e afagos, que na linguagem dos políticos representam ocupação de espaços estratégicos dentro da máquina estatal.
Outro efeito que a falta de uma definição de Dilma vem causando é a troca de recados entre os integrantes da base. "Como tirar o ministério de um partido maior para dar para um menor? Não faz sentido", ressaltou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), ao comentar sobre a possibilidade de o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, assumir o Ministério de Cidades. Entre os nomes que o PP pretende apresentar a Dilma para permanecer no comando da pasta estão o do ex-ministro Aguinaldo Ribeiro e do vice-governador eleito da Bahia, João Leão.