Doleiro e alvo central da Lava Jato, Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa fizeram delação premiada e relataram a ação do cartel das empreiteiras na estatal petrolífera. A planilha que incomoda o juiz da Lava Jato foi apreendida no dia 15 de março, quando a operação saiu à caça dos investigados.
Na terça-feira, em Brasília, durante sessão da CPI mista da Petrobras, Costa afirmou que o esquema de propinas é generalizado no País. Funciona, segundo o delator, "nas rodovias, portos, ferrovias e aeroportos".
Despacho
Moro fez as considerações sobre corrupção ao rejeitar pedido de extensão da ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que mandou soltar o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, indicado ao cargo pelo PT.
Duque foi solto na quarta-feira e imediatamente dois executivos - Erton Fonseca, da Galvão Engenharia, e Gerson de Mello Almada, da Engevix Engenharia, alvos da Lava Jato por suspeita de envolvimento com o cartel das empreiteiras -, pediram extensão da medida. O juiz federal rejeitou os pedidos.
Moro destacou que há provas "de esquema criminoso duradouro e sistemático para frustrar licitações da Petrobras, impor preços em contratos públicos sem concorrência real, lavar recursos obtidos nos crimes e, com eles, efetuar remunerações a agentes públicos, inclusive a diretores e gerentes da Petrobras".
Planilha
Ao fazer menção à planilha sobre 750 obras públicas na mira do doleiro Youssef, o magistrado mostrou que existe a possibilidade de a organização ter estendido seus interesses para além da Petrobras.
Para os investigadores, a planilha apreendida com Youssef indica que ele ampliou seu raio de ação para outros órgãos públicos que detêm orçamentos bilionários. Eles suspeitam que o doleiro enriqueceu com as comissões que recebeu intermediando negócios em várias estatais. Assim como na Petrobras, em outras estatais ele pode ter criado esquema semelhante ao investigado na Lava Jato, na avaliação da PF, inclusive com repasse de propinas e abastecimento de caixa 2 de partidos.
"Na tabela, relacionada obra pública, a entidade pública contratante, a proposta, o valor e o cliente do referido operador, sendo este sempre uma empreiteira, ali também indicado o nome da pessoa de contato na empreiteira", observa o juiz. "Embora a investigação deva ser aprofundada quanto a este fato, é perturbadora a apreensão desta tabela nas mãos de Alberto Youssef, sugerindo que o esquema criminoso de fraude à licitação, sobrepreço e propina vai muito além da Petrobras", diz Sérgio Moro.
Para o juiz, "os crimes, quer praticados através de cartel de empresas, quer produto de iniciativa individual de cada empresa, revelam quadro extremamente grave em concreto".