O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), afirmou nesta sexta-feira que as consequências da mudança da meta fiscal de 2014 são "muito graves". Na madrugada de quinta-feira, 4, o governo conseguiu aprovar o texto base do projeto de lei que altera o superávit primário deste ano, faltando apenas a votação de um único destaque na próxima semana.
"Isso abre uma brecha nessa carapaça que temos há tempos para não se gastar excessivamente por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal", criticou o tucano, que foi vice de Aécio Neves na campanha eleitoral de outubro. "É um sinal muito ruim, um sinal de que o governo não tem apreço pela estabilidade da moeda", completou.
O líder do PSDB admite que, do ponto de vista do Congresso, não há mais nada a ser feito, uma vez que só falta uma emenda a ser apreciada. "O governo conseguiu aos trancos e barrancos reunir uma maioria parlamentar", disse. Mesmo assim, ele anunciou que não haverá trégua e que o partido vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014. "Vamos lutar em todos os campos", disse.
Para Aloysio, a aprovação da medida mostra que Dilma se reelege adotando o mesmo padrão que marca o atual mandato, com o loteamento de cargos públicos a fim de aprovar projetos no Congresso. Ele disse que essa barganha resultará em novos escândalos.
Questionado se a redução da meta de superávit de 2015, de 2% para 1,2%, não apontaria uma mudança de postura da futura equipe econômica em relação à atual, o líder do PSDB disse que o problema não é o cumprimento das metas fiscais. Mas sim da sinalização de que o governo, para cumpri-la adotará uma fórmula diferente à de uma gestão tucana. Segundo ele, o governo acena com aumento de impostos públicos, enquanto o PSDB cortaria gastos públicos.
"Esse ajuste fiscal que o governo propõe não é o nosso ajuste da oposição, que seria no corte de despesas, concessão mais criteriosa de incentivos fiscais, cortes de ministérios", afirmou ele, ao destacar que a bancada do partido ainda vai se reunir para decidir qual posição vai tomar na votação dessa proposta. O líder do PSDB, contudo, já anunciou que é contra a medida provisória editada pelo governo esta semana que prevê a capitalização de R$ 30 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para ele, o governo quer continuar com a mesma linha de juros subsidiados.