São Paulo – O escritório de advocacia americano Wolf Popper LLP entrou com uma ação coletiva contra a Petrobras em um tribunal no distrito de Nova York em nome de todos os acionistas que compraram recibos de ações da petrolífera (chamados de ADRs – American Depositary Receipts), negociados na Bolsa de Nova York entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro de 2014. A ação alega que a companhia violou artigos da Securities Exchange Act, legislação que rege as companhias de capital aberto nos Estados Unidos. Desde novembro, a estatal brasileira é alvo de duas investigações nos EUA em decorrência do esquema de propinas desvendado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Na ação do Wolf Popper LLP, os advogados alegam que a Petrobras emitiu declarações falsas e enganosas aos acionistas, ao não divulgar “o esquema multibilionário de corrupção, suborno e lavagem de dinheiro que existe desde 2006”. Ainda de acordo com a ação, a Petrobras é acusada de ter exagerado o valor de suas propriedades, fábricas e equipamentos em seu balanço, por conta do superfaturamento de contratos para pagamentos de subornos. “Esses valores foram exagerados porque a Petrobras inflou o valor dos seus contratos de construção”, diz a ação.
Segundo o escritório, a Petrobras pode ter que ajustar suas demonstrações financeiras passadas, reconhecendo que houve o superfaturamento de contratos. O escritório observa que os ADRs da empresa caíram de US$ 19,38, em 5 de setembro, para US$ 10,50 em 24 de novembro, representando uma retração de US$ 8,88 ou 46%.
O Wolf Popper LLP existe há mais de 65 anos e tem escritórios em Nova York e em Porto Rico. Em 1960, começou a defender investidores fraudados e, desde então, diz ter recuperado alguns bilhões de dólares para seus clientes.
Investigação
Em novembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América abriu uma investigação criminal contra a Petrobras para saber se houve pagamento de propina para a empresa ou algum de seus funcionários nas operações americanas da estatal brasileira. A Petrobras já vinha sendo investigada pela Securities Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais americano, pois a petrolífera negocia títulos na Bolsa de Nova York.
A investigação do Departamento de Justiça dos EUA quer descobrir se a Lei de Práticas Corruptas Estrangeiras (Foreign Corrupt Practices Act), que proíbe o pagamento de propina para estrangeiros para obter vantagens em negócios, foi violada. .