A Policia Federal (PF) ouviu nessa segunda-feira servidores públicos comissionados das secretarias de Desenvolvimento Social e Trabalho e Trânsito e Transportes, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que teriam sido coagidos a contribuir financeiramente para os cofres de partidos políticos e também fazer campanha para candidatos a deputado nas eleições de outubro. Ao todo já foram ouvidos cerca de 100 comissionados.
O delegado-chefe da PF em Uberlândia, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, disse que as investigações começaram depois que o Ministério Público Eleitoral (MPE) recebeu denúncias de que servidores teriam sido ameaçados de demissão caso não trabalhassem e contribuíssem com a campanha de candidatos a deputado. Segundo ele, os funcionários eram obrigados a contribuir com 5% do salário, caracterizar (plotar) os carros com adesivos de propaganda, distribuir material de campanha e até mesmo viajar para pedir votos em outros municípios.
D’Ângelo não quis revelar os nomes dos candidatos, alegando sigilo na investigação, mas a reportagem apurou que as denúncias envolvem o atual deputado estadual Tenente Lúcio (PSB), que se elegeu para a Câmara dos Deputados, e do ex-secretário de Desenvolvimento Social e Trabalho e ex-vereador Murilo Ferreira (PMN), que tentou, mas não se elegeu, uma vaga na Assembleia Legislativa. Todos os dois eram filiados ao PDT – uma das legendas investigadas – mas se desfiliaram no ano passado para disputar por outros partidos. De acordo com alguns depoimentos, os dois seriam os “donos” dessas pastas. A reportagem tentou falar com o deputado e com o ex-secretário, mas eles não responderam aos telefonemas. Ontem, também foi ouvida Denise Ferreira Portes de Lima, que sucedeu a Murilo Ferreira na pasta de Desenvolvimento Social.
Os servidores foram chamados para depor a partir da quebra de sigilo bancário de uma legenda que revelou o nome de todos os doadores do partido.
ILICITUDE Muitos servidores admitiram ser obrigados a fazer essa doação e também trabalhar para as campanhas. Uma pessoa imprimia um boleto bancário e o entregava logo após o pagamento do salário para que os comissionados fizessem o pagamento. O procurador da prefeitura Luís Antônio Lira Pontes disse que aguarda a conclusão do inquérito para tomar providências caso seja confirmada alguma ilicitude. “Não haverá omissão”, disse..