Os brasileiros terão uma boa oportunidade de protestar contra todos os abusos cometidos por políticos, funcionários e ex-funcionários de estatais. Hoje, Dia Internacional de Combate à Corrupção, estabelecido em 2003 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) convoca todos os motoristas do país para o “farolaço”, que é manter os faróis dos carros acesos o dia inteiro para demonstrar a sua indignação e pedir providências. “É uma maneira de mostrarmos que estamos de olhos abertos e ligados nessa situação tão desconcertante para todos”, disse o presidente da ACMinas, Roberto Luciano Fagundes.
Roberto Luciano conta que se inspirou numa frase do filósofo irlandês Edmund Burke – “Para que o mal triunfe, basta que os bons fiquem de braços cruzados” –, e que acha que ela tem tudo a ver com o momento que o Brasil vive. “Estamos absolutamente indignados com o que está acontecendo. Cada dia tem uma novidade, oriunda não apenas da malversação do dinheiro público, mas de todos os tipos de negociações que são feitas neste país, com corrupção enorme a olhos vistos”, disse o presidente da ACMinas, lembrando que em Brasília o Executivo corrompeu o Legislativo oferecendo a liberação das emendas parlamentares para que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pudesse ser aprovada. “Não podemos mais conviver com essa situação. Estamos realmente de braços cruzados, estupefatos com tudo o que está acontecendo. A sociedade até agora não encontrou alguma maneira de poder demonstrar essa indignação”, disse Fagundes.
Banalização
O presidente da ACMinas informou que o protesto será pacífico e não vai ocupar as ruas ou atrapalhar o movimento das cidades. “Não correremos o risco de que haja depredação do bem público ou privado, ou qualquer outro tipo de agressão. Pelo contrário, estamos simplesmente demonstrando que estamos contra esta situação que estamos vivendo”, declarou. Em 25 de novembro, a ACMinas iniciou uma mobilização da classe empresarial e de entidades representativas da sociedade civil para marcar a data com protestos.
O Brasil é um dos signatários da ONU e deveria ter o compromisso de impedir a corrução, segundo o presidente da ACMinas. “Se nosso país tivesse levado isso realmente a sério, certamente a situação que estamos vivendo hoje teria sido evitada. Há banalização da propina, roubo descarado aos cofres públicos, com envolvimento de servidores de alto escalão, políticos, partidos e empresas privadas envolvidos em falcatruas inimagináveis na Petrobras, e, presumivelmente, também em outras estatais”, afirmou.