Às vésperas da eleição para a Presidência da Casa, marcada para sexta-feira, o plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte ganhou contornos de “ringue”, com direito a encarada, dedo na cara e muita tensão entre vereadores. A iniciativa da “luta” foi do atual presidente da instituição, Léo Burguês de Castro (PTdoB). Mesmo com a reunião encerrada – depois de o quórum cair aos sete minutos –, ele apresentou relação de cargos comissionados e sugeriu que o vice-presidente e candidato ao posto máximo do Legislativo Municipal, Wellington Magalhães (PTN), estaria mantendo funcionários fantasmas na Câmara. Magalhães foi responsável pela indicação de seis servidores na administração, com salários que somam R$ 41,2 mil. Autor do pedido de verificação de quórum, o vereador Jorge Santos (PRB), afeito à candidatura de Magalhães, pediu a palavra no plenário, mas teve o microfone desligado por Léo Burguês. Santos, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, não aceitou a atitude, apontou o dedo na cara do presidente e protagonizou uma encarada clássica de lutas, ficando a poucos centímetros de Burguês. “Ele é uma pessoa sem caráter. Vou convocar uma auditoria”, disse Magalhães. O parlamentar questionou o fato de Léo Burguês ter usado sua autoridade de presidente para falar mesmo depois da verificação de quórum.
As acusações contra Magalhães não param por aí. Segundo o presidente, que qualificou a campanha à Presidência como a mais baixa da Câmara, Magalhães também tem “boicotado” as votações na Câmara para chantagear o prefeito Marcio Lacerda e conquistar seu apoio. “Ele quis colocar empresas e mexer em contratos, coisas que eu não permiti”, disse, ao justificar seu afastamento de Magalhães, que, por sua vez, admite que os cargos estão à disposição de seu gabinete, classificando as acusações como um ato de desespero de Léo Burguês, por estar perdendo espaço no Legislativo Municipal.
O candidato questionou ainda os 330 terceirizados a serviço da Casa Legislativa e as licitações de R$ 20 milhões que têm sido feitas por Léo Burguês. “Sou vice-presidente e só soube dessas televisões compradas pela Câmara quando elas estavam sendo instaladas”, criticou, reforçando que, se eleito, abrirá uma auditoria nas contas do atual presidente. O parlamentar ainda afirmou que Burguês era quem fazia chantagens com o prefeito. “Ele não colocava nenhum número em projeto do Executivo enquanto não conseguisse o que queria”, disse.