"O silêncio poderá passar a impressão de que as Forças Armadas estão ainda de acordo com o que foi feito no passado e que, portanto, poderiam especular com a possibilidade de voltar a fazê-lo no futuro.
Dallari participou de uma audiência no Senado para falar sobre o relatório apresentado pela Comissão nesta quarta-feira. O documento pediu a punição dos agentes envolvidos nos crimes cometidos durante o período e foi criticado pelos militares.
Segundo o coordenador, as graves violações não foram produtos de práticas isoladas, mas sim de uma política de Estado. Por isso, seria importante uma posição oficial das Forças Armadas sobre o assunto. "A democracia brasileira precisa ter a absoluta segurança de que isso nunca mais vai ocorrer. E para isso é preciso que as Forças Armadas reconheçam o crime", disse.
O coordenador disse que as Forças Armadas deveriam ter como exemplo a atitude do Papa Francisco, que reconheceu que havia problemas com a pedofilia dentro da Igreja Católica e veio a público afirmar que isso não era doutrina da instituição. "Só assim a sociedade brasileira ficará aliviada e nós superaremos o passado", afirmou.
Dallari também voltou a criticar a falta de colaboração das Forças Armadas e disse que, como a comissão vai deixar de existir a partir do dia 16, o Congresso terá um papel importante na condução do diálogo com as demais instituições..