A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) protocolou denúncia contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele responderá pela prática de dois atos de corrupção e 64 atos de lavagem de dinheiro. Além do ex-diretor da estatal, o MPF pede a condenação do doleiro Alberto Youssef, Júlio Gerin de Almeida Camargo e Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado nas investigações como o operador do PMDB, pelos crimes de corrupção, contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de capitais. O MPF protocolou a denúncia na Justiça Federal do Paraná.
Os desvios cometidos pelos acusados teriam ocorrido entre 2006 e 2012. De acordo com a denúncia do MPF, em 2006, o então diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Fernando Baiano acertaram com Julio Camargo o pagamento de vantagens indevidas no valor aproximado de US$ 15 milhões para que fosse viabilizada a contratação, pela Petrobras, do Navio-Sonda Petrobras 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries no valor de US$ 586 milhões.
O navio seria utilizado para perfuração de águas profundas na África. Após as negociações - e confirmada a promessa de pagamento da propina -, Cerveró adotou as providências necessárias, no âmbito da diretoria internacional, para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada. A partir de então, Fernando Soares passou a receber a propina combinada e, em seguida, a repassar uma parte dos valores para Cerveró.
No ano seguinte foi acertado entre Soares, Cerveró e Camargo o pagamento de vantagens indevidas no montante aproximado de US$ 25 milhões para a viabilização da contratação do Navio-sonda Vitoria 10000, que operaria no Golfo o México, com o estaleiro Samsung Heavy. Tal contratação foi estimada em US$ 616 milhões.
A par dos US$ 40 milhões que seriam repassados, a título de propina, para Fernando Soares e Nestor Cerveró, Júlio Camargo receberia da Samsung outros US$ 13 milhões por ter viabilizado os negócios.
Em um segundo momento, depois de ajustado o esquema criminoso, foi providenciado um sistema para lavar o dinheiro oriundo da corrupção e de crimes contra o sistema financeiro.
Desse modo, o dinheiro chegaria "limpo" para os beneficiários. De acordo com o MPF, foram realizadas múltiplas e complexas operações de lavagem de ativos, a exemplo de depósitos em contas bancárias no exterior, em nome de offshores e de pessoas interpostas, da simulação de contratos de câmbio e de investimento e da celebração de empréstimos bancários fraudulentos. Para a lavagem de parte deste valores, lançou-se mão aos serviços do operador financeiro do mercado negro Alberto Youssef.