Os cinco deputados estaduais eleitos pelo PSOL no Rio engrossaram nesta segunda-feira, 15, o coro pela cassação do deputado federal reeleito Jair Bolsonaro (PP-RJ), durante cerimônia de diplomação dos vencedores das eleições, no plenário da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Quando o militar da reserva foi chamado para receber seu diploma, os parlamentares do PSOL se viraram de costas e exibiram cartazes com os dizeres: "A violência contra a mulher não pode ter voz no Parlamento", em referência ao discurso de Bolsonaro na Câmara, na semana passada, em que o militar disse que só não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece".
O movimento foi liderado pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), segundo deputado mais votado no Rio, com 350.408 votos. Em primeiro lugar ficou Bolsonaro, mas para a Câmara dos Deputados: 464.572 votos. Por uma determinação do cerimonial do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), Freixo ficou ao lado de um dos filhos de Bolsonaro, Flávio, também reeleito.
Somente uma cadeira separava os dois: nela estava o deputado e apresentador de programa policial na TV Record Wagner Montes (PSD). Além de Freixo, participaram do protesto os deputados Doutor Julianelli, Eliomar Coelho, Flávio Serafini e Paulo Ramos.
Companheiros de Bolsonaro no Congresso Nacional, Jean Wyllys e Chico Alencar (ambos do PSOL) não ergueram os cartazes dentro do plenário; só depois, ao posar para fotos com os correligionários na escadaria da Alerj. Segundo Freixo, Wyllys e Alencar já fizeram sua parte em Brasília, com a ação conjunta (com PT, PC do B e PSB) contra Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar. "É importante haver diversidade no parlamento, mas o discurso que leva ao crime é inaceitável. O parlamento não pode ser espaço para propagação do ódio", disse Freixo.
Ao sair da cerimônia, Bolsonaro chamou o deputado do PSOL de "frouxo".
Atrasados
Chamado à frente do plenário para receber o diploma, Romário (PSB-RJ) não estava lá. Eleito senador com mais de 4,6 milhões de votos, o ex-jogador só chegou minutos depois. O mesmo aconteceu com outros deputados, como Clarissa Garotinho (PR-RJ), que recebeu a segunda maior votação para deputado federal, e parlamentares reeleitos, como Jandira Feghali (PC do B) e Chico Alencar (PSOL).
O presidente do TRE-RJ, desembargador Bernardo Garcez, não permitiu que os retardatários pegassem seus diplomas ao fim da cerimônia: antes da posse, em 1º de janeiro, eles terão mais uma oportunidade para a diplomação. Alencar afirmou não ter recebido o convite do TRE-RJ para a cerimônia. "Só na manhã de hoje liguei para o TRE-RJ e obtive as informações. Não foram pontuais para me entregar o convite. E outros parlamentares tiveram o mesmo problema", disse o deputado do PSOL.
Também hoje, o Ministério Público Eleitoral anunciou ter ajuizado a quarta ação por abuso de poder contra o governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB), desta vez por uma excursão que teria levado alunos de ensino médio de um colégio de Três Rios, no Sul Fluminense, para um comício na quadra da escola de samba Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Filho do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o deputado federal eleito Marco Antônio Cabral (PMDB) também é alvo da ação. Amanhã, o MPE deve ajuizar nova ação contra o governador, desta vez por suposto uso irregular de uma gráfica.
Também diplomado, Pezão minimizou as ações. "É direito de se pedir, de zelar pela igualdade no pleito, mas também tenho direito de me defender", afirmou o governador. Pezão disse que vai anunciar amanhã seu secretariado e adiantou: o PT não terá nenhum cargo. Na eleição, o partido teve candidato próprio, o senador Lindbergh Farias, e, no segundo turno, apoiou o candidato de oposição a Pezão e Cabral, o também senador Marcelo Crivella (PRB).