Moro aceitou denúncia contra quatro diretores da Galvão Engenharia e seis da OAS. No grupo da Galvão estão o presidente Jean Alberto Luscher Castro, o diretor de Negócios, Erton Medeiros Fonseca, e os executivos Dario de Queiroz Galvão Filho e Eduardo de Queiroz Galvão. Os diretores da Galvão Engenharia terão que devolver aos cofres públicos R$ 256,5 milhões por desvios nas obras das refinarias da Comperj, no Rio, e da Repar, no Paraná. No grupo da OAS, estão o presidente da empresa, José Aldemário Pinheiro Filho e os funcionários João Alberto Lazzari, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fernando Augusto Stremel Andrade, José Ricardo Nogueira Breghirolli e Mateus Coutinho de Sá Oliveira.
Também foram acusados o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e o dono da MO Consultoria, Waldomiro de Oliveira, que já haviam sido transformados em réus na sexta-feira, com outros cinco acusados. A maioria deles está presa.
Na denúncia do Ministério Público, por sua vez, a força-tarefa de procuradores da Operação Lava-Jato pede a condenação de Camargo por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes financeiros e do doleiro Alberto Youssef, por lavagem. A Procuradoria pede que R$ 296 milhões retornem aos cofres públicos, por meio do confisco de R$ 140 milhões já bloqueados em bens e contas correntes e de R$ 156 milhões em ressarcimento por prejuízos causados.
Executivo da Toyo Setal e um dos operadores do esquema, Júlio Camargo afirmou, em delação premiada, que bancou propinas para garantir à Samsung a contratação de dois navios-sonda em 2006 e 2007: o Petrobras 1000 e Vitória 10000 custaram US$ 586 milhões e US$ 616 milhões, respectivamente. Ele disse que, a pedido de Baiano, fez os pagamentos em contas no exterior indicadas pelo lobista: US$ 15 milhões e US$ 20 milhões.
Parte do dinheiro seguiu para os bolsos de Cerveró, segundo análise da Procuradoria. Atas da Petrobras mostram que ele propôs a contratação direta da Samsung. No primeiro negócio, Camargo fez 35 pagamentos para contas indicadas, mas “uma dessas contas era diretamente controlada” por Cerveró, disseram os nove procuradores da força-tarefa. “Não há qualquer dúvida de que Fernando Soares repassou parte deste valor ao então diretor da área internacional, Nestor Cerveró”, garante o grupo coordenado por Deltan Dallagnol. O MP entende que o ex-diretor agiu de maneira ilegal ao contratar a Samsung diretamente, sem abrir concorrência.
Além de depósitos no exterior, na segunda contratação, Camargo recorreu ao doleiro Alberto Youssef para pagar os subornos à dupla Baiano e Cerveró, de acordo com a Procuradoria. Para isso, o doleiro teria feito 17 operações de lavagem.
Ilações
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse ao Estado de Minas que o Ministério Público exagerou porque Camargo “jamais acusou diretamente” Cerveró. Ele classificou a acusação de “açodada” e negou que seu cliente tenha recebido propinas.
A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, afirmou que, como seu cliente fez acordo de delação premiada, é natural ser denunciado. Ela espera que ele obtenha o benefício da redução da pena.
Procurada em seus escritórios no Rio de Janeiro e fora do país, a Samsung não esclareceu ao jornal qual o valor médio das comissões pagas a seus representantes. A Petrobras e o advogado de Fernando Baiano não prestaram esclarecimento ao jornal até o fechamento desta edição. Os advogados de Alberto Youssef não foram localizados nessa segunda-feira.
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