A Petrobras informou, por meio de nota, que os e-mails enviados pela ex-gerente Venina Velosa Fernandes entre 2009 e 2012 não explicitavam irregularidades relacionadas à Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, conhecida como RNEST. Segundo a nota, as mensagens encaminhadas à ex-diretora de Gás e Energia e atual presidenta da estatal, Graça Foster, apenas alertavam para riscos de aumentos de preços e prazos.
A nota explica que apenas no dia 20 de novembro deste ano, a ex-gerente explicitou que havia irregularidades na refinaria, quando, de acordo com a Petrobras, o caso já estava sendo investigado por uma comissão interna de apuração.
O resultado da investigação foi enviado ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Comissão de Valores Mobiliários, à Controladoria Geral da União e aos parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a Petrobras.
De acordo com a nota da empresa, os emails tampouco explicitavam irregularidades em relação à Gerência de Comunicação do Abastecimento e à área de comercialização de combustível para navios.
Em relação às irregularidades na área de comunicação do Abastecimento, não houve qualquer email sobre o assunto, de acordo com a Petrobras. Mesmo assim, várias investigações internas foram abertas em 2008 e 2009, que resultaram na demissão do gerente da área.
Sobre a comercialização de combustível para navios, apurações foram iniciadas em 2012 e, quando a empresa recebeu o email em abril deste ano, “os procedimentos já estavam absolutamente ajustados e em atendimento aos padrões corporativos que conferiram maior segurança e rastreabilidade às operações comerciais relacionadas”, diz a nota.
Entenda o caso
Na semana passada, o jornal Valor Econômico revelou e-mails enviados pela ex-gerente para Graça Foster antes mesmo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, em que Venina fazia alertas sobre irregularidades na estatal.
Conforme a publicação, a geóloga afirma que a presidente da estatal, Graça Foster, foi notificada sobre o tema em abril de 2009, quando a atual presidente ocupava a diretoria de gás e energia. Venina voltou a enviar mensagem à Graça depois que ela assumiu o comando da empresa, em fevereiro de 2012.
A ex-funcionária alertou sobre pagamentos de serviços de comunicação que não foram prestados e sobre a escalada de aditivos que elevaram os custos da refinaria Abreu e Lima de US$ 4 bilhões para US$ 18 bilhões.
Ainda de acordo com o jornal, a funcionária, afastada da Petrobras no mês passado, diz ter alertado José Carlos Cosenza - que substituiu Paulo Roberto Costa, denunciado por envolvimento em um esquema de desvios, - a respeito dos desmandos, sem que nenhuma providência tenha sido tomada.