Brasília, 16 - Com duras críticas ao governo Dilma Rousseff, PSB, PPS, PV e Solidariedade formalizaram na tarde desta terça-feira, 16, a formação de um bloco com 67 parlamentares na Câmara dos Deputados. O novo bloco, que terá atuação estendida nas assembleias legislativas e câmaras municipais, já defende a criação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na próxima legislatura para dar continuidade às investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
"É preciso continuar investigando porque o buraco da corrupção neste País, a cada dia que passa, é cada vez mais profundo", declarou o líder da bancada do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).
O novo bloco afirma que o prosseguimento das investigações é uma necessidade, assim como a saída da presidente da estatal, Graça Foster. "Não sei o que ela ainda faz na Petrobras", emendou Albuquerque, cobrando uma posição da presidente Dilma sobre mudanças na diretoria da empresa, uma vez que as ações da estatal na Bolsa de Valores vêm "derretendo" a cada dia.
No lançamento do "Bloco da Esquerda Democrática", os presidentes das quatro legendas fizeram ataques à política econômica, à intervenção no setor elétrico e destacaram que é preciso estar unidos diante do escândalo envolvendo a Petrobras. "Roubaram até o nosso orgulho", condenou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP). O grupo anunciou que trabalhará pela aprovação da reforma política e que lutará contra o "governo corrupto que ganha eleição com base na mentira". "Dilma venceu mostrando um Brasil que não existe", insistiu o líder do PSB na Câmara.
O bloco, que nasceu a partir das alianças formadas na disputa presidencial, deve buscar a atuação coligada nas eleições municipais de 2016. A expectativa é que juntos os partidos tenham de três a quatro minutos de tempo de TV no próximo pleito. De acordo com os líderes, os quatro partidos têm hoje mais de 800 prefeitos e 8 mil vereadores.
Denominando-se de "oposição independente", o bloco divulgou um documento em que defende um "pacto anticorrupção". "Precisamos resgatar a dignidade da política nacional", afirmou o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP) no ato de lançamento do bloco.
Os presidentes dos partidos destacaram que, apesar da atuação conjunta, a ideia é manter a autonomia das siglas. Ainda não há consenso se a candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) à presidência da Câmara dos Deputados será mantida. A única certeza é que o bloco não apoiará o candidato do PT, deputado Arlindo Chinaglia (SP).
Juntos na Câmara, o bloco será menor apenas que a bancada do PT. Na próxima legislatura, o PSB terá 34 deputados, o Solidariedade 15, o PPS 10 e o PV oito parlamentares.