Políticos citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiários do esquema investigado pela Operação Lava Jato na estatal negaram nessa quinta-feira envolvimento e questionaram o vazamento do teor da delação premiada.
A assessoria do Ministério de Minas e Energia informou, em nota, que o titular da pasta, Edison Lobão (PMDB-MA), "desconhece a referida lista e não é beneficiário de qualquer irregularidade". A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirma que "não conhece e jamais manteve qualquer contato com Paulo Roberto e Alberto Youssef". Ela disse que "nada tem a temer sobre a investigação e que seus sigilos fiscal, bancário e telefônico estão à disposição da Justiça".
Ex-ministros. O ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA) disse que o vazamento dos nomes vai acabar prejudicando a delação premiada de Costa. Ele questionou se a reportagem tinha alguma prova de que teria recebido propina. "Prefiro ser julgado pela mídia do que pela Justiça. A mídia julga e mata, mas depois ninguém lembra de nada.". Ele negou que tenha recebido propina. "Jamais, zero, nunca Costa pode afirmar que fez negócios comigo. Durmo tranquilo."
Único governador em exercício entre os políticos citados , o petista Tião Viana, disse "estranhar" a informação de que seu nome foi mencionado. Viana, reeleito governador, disse por meio de sua assessoria de imprensa que "não conhece e nunca teve qualquer tipo de relação" com o ex-diretor. "Qualquer ilação que venha atingir a responsabilidade do governo do Acre ou a honra pessoal do governador, será tratada pelas vias judiciais garantidas pelo Estado democrático de direito."
Entre os ex-governadores que aparecem na lista dos 28 nomes, o do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) diz "repudiar" a menção de seu nome. Ele disse que sua relação com Costa "sempre foi institucional". Também em nota, o PSB diz ter "extrema confiança" em Eduardo Campos, que governou Pernambuco entre 2006 e abril de 2014. "O ônus da prova é de quem acusa, portanto, o senhor Paulo Roberto Costa deve provar a sua denúncia, até porque ele cita um líder com reputação ilibada e que não está mais aqui para se defender", afirmou o partido. Campos morreu em agosto em um acidente aéreo.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa Roseana Sarney (PMDB), também nega envolvimento da ex-governadora do Maranhão. Ele explicou que "por falta de sorte" o nome dela apareceu em meio às investigações da Petrobras, mas que, na verdade, ela está sendo investigada pelo pagamento de precatórios efetuado pelo governo maranhense a duas construtoras - caso que está a cargo do Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Roseana não tem nenhuma relação com a Petrobrás e com Paulo Roberto Costa."
Senado. A assessoria de imprensa da presidência do Senado informou que as relações do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com todos os diretores da Petrobras "nunca ultrapassaram os limites institucionais". "Não há chance alguma de o senador ter tratado de temas não republicanos com qualquer pessoa ou executivo desta ou de outra estatal."
O senador Lindberg Faria (PT-RJ) disse que se reuniu com Costa este ano enquanto candidato ao governo do Rio para preparar a parte de energia do plano de governo. Segundo ele, o ex-diretor disse que procuraria três empresas para pedir doações à campanha - mas isso não ocorreu, de acordo com ele, porque Costa foi preso. "Não existe nenhuma acusação dele contra mim. Essa menção ao meu nome não tem pé nem cabeça. Eu te garanto que não recebi nenhuma propina", afirmou.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse "nunca" ter pedido "um centavo" a Costa. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) enviou à reportagem a mesma carta entregue ao juiz Sérgio Moro, da Lava Jato. Ele disse que renuncia se houver qualquer "comprovação de vínculo financeiro ilegal ou impróprio". Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou, via assessoria, que não conhece Costa e que nunca recebeu nada. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que disponibilizou seus sigilos.