Teori ainda vai devolver os depoimentos de Youssef e a homologação deles à Procuradoria-Geral da República de forma desmembrada, com blocos de afirmações sobre acusados no esquema. O doleiro prestou mais de 100 horas de depoimentos. Foram dezenas de oitivas. As sessões mais rápidas duraram de duas a três horas. As mais longas, de seis a oito. Internado em várias ocasiões para tratar de problemas de saúde, Youssef passou cerca de dois meses prestando oitivas à Polícia Federal e ao Ministério Público.
O trabalho do ministro Teori foi formal.
Parte das suspeitas levantadas por Youssef, porém, não se refere a políticos, mas a empreiteiras, doleiros e funcionários da Petrobras. Caberá ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a abertura de inquérito contra políticos que têm foro privilegiado no STF, como ministros, deputados e senadores, e pedir que os demais casos sejam investigados pelos procuradores da força-tarefa no Paraná, onde correm os processos da Lava-Jato. Entre essas suspeitas ainda não investigadas estão as relações do doleiro com o setor elétrico, com obras em aeroportos e em todo o país, como uma lista de empreendimentos públicos e privados em todo país apreendida em seu escritório.
Entretanto, Teori só deve remeter os papéis a Janot no próximo mês. O expediente do STF terminou às 15h de ontem. A Corte entra em recesso de Natal e ano-novo e só retoma suas atividades no início de janeiro. Mas os atos mais importantes do caso ainda ficarão para fevereiro, dias depois de Janot retornar de férias e começar a pedir a abertura dos inquéritos. O procurador vai juntar os depoimentos sigilosos de Youssef e Paulo Roberto e solicitar diligências à Polícia Federal ou, eventualmente, apresentar diretamente as denúncias ao STF.
André Vargas Ontem, Teori enviou ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, o procedimento que envolve o ex-deputado André Vargas com o doleiro. Torpedos trocados entre os dois mostram uma parceria em negócios com o Ministério da Saúde. As tratativas entre eles envolviam a produção de medicamentos pelo Laboratório Labogen, também usado para lavar dinheiro. Vargas foi cassado semana passada pela Câmara. Sem mandato, ele perde o foro privilegiado e passa a ser julgado por um juiz de primeira instância, como a maioria dos cidadãos.
Na terça-feira, o ministro Celso de Mello já havia remetido à Justiça Eleitoral do Paraná um inquérito a que o ex-deputado respondia por falsidade documental e uso de documento falso.
Para o advogado de Youssef, a homologação da delação satisfaz os interesses da defesa.