Com um discurso emocionado, o governador eleito Fernando Pimentel (PT) foi diplomado nesta sexta-feira, no Palácio das Artes, ao lado do senador eleito Antonio Anastasia (PSDB), dos suplentes Alexandre Silveira (PSD) e Lael Varella (DEM), além dos 53 deputados federais e 77 deputados estaduais que saíram vitoriosos das urnas. Em crítica às recentes manifestações de grupos que têm defendido o retorno ao regime militar, Pimentel, que foi preso e torturado quando militou com Dilma Rousseff (PT) na resistência ao golpe de 64, considerou, durante o seu pronunciamento, o voto a “unção sagrada” da democracia. “Assistimos, há poucas semanas, a manifestações públicas, pequenas, é verdade, de alguns poucos brasileiros que pediam a volta ao país do regime autoritário, que tanto esforço e tanta luta nos custou a superar”, disse com voz embargada e chorando.
“Podem pedir o que pedem esses nossos patrícios e o fazem publicamente. Não correm o risco de serem perseguidos, de terem os seus direitos civis cassados, de serem presos ou torturados. Não há perigo de perderem as suas vidas, de se tornarem desaparecidos, como centenas de brasileiros e brasileiras, cujos nomes estão hoje gravados na lista da Comissão Nacional da Verdade.”
A diplomação de Fernando Pimentel ocorreu apesar de ter tido as suas contas de campanha rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). O procurador regional eleitoral, Patrick Salgado, propôs ação de investigação judicial eleitoral contra Pimentel e o seu vice, Antônio Andrade (PMDB), com pedido da cassação do diploma e a decretação de inelegibilidade dos candidatos eleitos. O PSDB tentou impedir a sua diplomação, mas teve indeferido o seu pedido de tutela antecipada.
O presidente do TRE-MG, Geraldo Augusto de Almeida, disse ontem que as contas foram desaprovadas por uma questão contábil. “Só olhamos números. Mas isso dá oportunidade para que se entre – e o Ministério Público Federal já entrou – com ação para a cassação do diploma e do mandato”, afirmou Almeida. Segundo ele, para se chegar à cassação é preciso, contudo, não apenas a irregularidade da conta, mas a demonstração cabal de que houve abuso do poder econômico. “É preciso haver provas. A ação continua e há possibilidade de cassação do diploma e da perda do mandato”, disse, acrescentando que, se isso ocorrer, contudo, haverá nova eleição, uma vez que Pimentel obteve mais de 50% dos votos.
Em entrevista coletiva antes da diplomação, Fernando Pimentel evitou comentar a ação: “As questões da Justiça a gente não faz comentários. Não há nenhum julgamento ainda. Não há nenhuma decisão final tomada ainda. Vamos aguardar. Nossos argumentos são muito sólidos. Tenho certeza de que esta questão, ao final, vai ser revista pela Justiça e nós vamos ter tranquilidade para governar o estado”, afirmou.
O auditório do Palácio das Artes se dividiu em claques dos militantes petistas, tucanos e dos deputados estaduais e federais eleitos. Nas primeiras fileiras, estavam os apoiadores de Fernando Pimentel, além de sua mulher, Carolina Oliveira. O petista foi muito aplaudido ao discursar. Antes, contudo, foi a vez de Anastasia arrancar longas palmas da plateia. Durante a diplomação dos deputados, houve de tudo um pouco, selfies, punhos ao ar e beijos lançados à plateia. Cada um dos parlamentares eleitos teve direito a levar 10 convidados, alguns preparados para fazer barulho.
Anastasia
Na cerimônia de diplomação pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) reforçou a eficiência da Justiça Eleitoral no Brasil. “Somos orgulhosos de uma Justiça eleitoral que nos permite reconhecer de fato a vontade expressa de cada eleitor na urna em que coloca o voto”, afirmou, enfatizando os papéis dos eleitores, candidatos, partidos e do Poder Judiciário. O ex-governador de Minas apontou também as responsabilidades dos políticos diplomados. “Nossa obrigação é em torno dos nossos mandatos, dos nossos valores, dos nossos princípios, mas também em torno no fortalecimento desse sistema eleitoral, dando mais condições ao eleitor de conhecer os candidatos, fortalecer os partidos e prestigiar as instituições”, disse.